Rochele Nunes eliminada, mas orgulhosa do percurso depois de “acelerar luto” do irmão

A judoca portuguesa Rochele Nunes (+78kg) foi eliminada dos “oitavos” depois de perder com a bósnia Larisa Ceric. A atleta, orgulhosa da jornada, falou do caminho difícil depois da morte de um irmão.

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Rochele Nunes é eliminada da prova de judo +78kg e fala de caminho difícil depois da morte de um irmão Kim Kyung-Hoon / REUTERS
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Rochele Nunes, judoca portuguesa dos +78 quilos, foi afastada dos oitavos-de-final dos Jogos Olímpicos, esta sexta-feira, depois de perder com Larisa Ceric, atleta bósnia, por ippon, avança a Lusa. Portugal termina, assim, a sua participação no judo com a medalha de bronze de Patrícia Sampaio.

A atleta, que já tinha estado presente em Tóquio 2020, venceu o primeiro combate na Arena Champ-de-Mars contra Sarra Mzougui, da Tunísia.

"Não estava à espera, acabei por apagar, porque estava encaixado", justificou já na zona mista sobre o shime waza (estrangulamento) sofrido. Rochele não estava mesmo à espera já que é a oitava cabeça de série e perdeu perante uma adversária com menor cotação (16ª pré designada). A atleta portuguesa também tinha um saldo favorável nos encontros com Ceric- cinco vitórias e três derrotas.

Apesar do aparente desequilíbrio histórico, isso não se reflectiu no tatami. As atletas chegaram a ser castigadas por passividade aos 1.20 minutos, mas a meio do combate a bósnia conseguiu deitar a portuguesa ao chão. A atleta lusa diz, assim, adeus aos Jogos, já que apenas a entrada nos "quartos" permitiria a repescagem.

Rochele, apesar da derrota, admite estar orgulhosa do percurso, que admitiu ter sido difícil depois da morte do irmão. "Uma derrota nunca vai bem. Eu sei que faz parte. Eu estou muito orgulhosa do meu percurso, de chegar aqui. Estar entre os melhores é muito difícil. Eu já passei por tanta coisa difícil", assumiu, à agência Lusa.

A atleta perdeu um irmão de sete anos há seis meses naquilo que descreveu como "uma tragédia muito grande". Nunes assumiu ter "acelerado o processo de luto" por causa da participação nos Jogos, que chegou a colocar em causa pois "não sabia se ia ter forças".

"Mas eu acho que se tem algo que eu aprendi em me tornar portuguesa foi exactamente sobre quão resilientes são os portugueses. E, infelizmente, isso é da vida, as coisas más acontecem para toda a gente e eu tive que ser forte, fui forte hoje, sinto que eu dei tudo", referiu a judoca, que nasceu no Brasil há 35 anos.

A atleta confessou que agora irá "passar pelos processos" que acelerou e vai aproveitar para estar com a família e marido. "Vou aproveitar o máximo o carinho deles que vou precisar agora", disse. Para além disso, também só agora vai "desfrutar da conquista da Patrícia Sampaio. Sei que ela merece e estou muito feliz por ela."

Entre os sete judocas lusos que competiram em Paris 2024, numa participação que terminou esta sexta-feira, Rochele Nunes e Catarina Costa chegaram ao segundo combate, enquanto Taís Pina (-70 kg) e João Fernando (-81 kg), em estreias olímpicas, e Bárbara Timo (-63 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg) perderam no primeiro combate.

Patrícia Sampaio (-78kg) conseguiu trazer o "bronze" para casa na quinta-feira, repetindo o feito de Nuno Delgado em Sidney 2000, Telma Monteiro no Rio 2016 e Jorge Fonseca em Tóquio 2020.

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