PCP não comenta críticas de comunistas venezuelanos e saúda divulgação de actas
Bernardino Soares diz que é “positivo” que se divulgue toda a informação necessária, quando for resolvido “o ataque informático ao sistema eleitoral venezuelano”.
O PCP recusou-se esta quinta-feira a comentar as críticas do Partido Comunista da Venezuela sobre a sua posição quanto às eleições presidenciais naquele país e considerou positiva a divulgação das actas eleitorais quando for resolvido "o ataque informático ao sistema eleitoral venezuelano".
"Em relação a outros partidos políticos e às posições de outros partidos, respeitamos integralmente a independência que cada um tem na sua reflexão e nas suas posições e vamos debater certamente essas opiniões num quadro de grande fraternidade das nossas relações bilaterais", afirmou Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP, em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.
Bernardino Soares reagia às críticas do secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela (PCV), Óscar Figuera, que em declarações à Rádio Observador afirmou não compreender a posição dos comunistas portugueses sobre as eleições presidenciais da Venezuela.
Num comunicado divulgado esta segunda-feira, o PCP tinha considerado que essas eleições "reafirmaram o apoio popular ao processo bolivariano", saudando a reeleição de Nicolás Maduro, e repudiando "manobras de ingerência" que procuram "colocar em causa o processo eleitoral e os seus resultados".
Na conferência de imprensa, Bernardino Soares referiu que o partido não tem "muito a acrescentar" relativamente a esse comunicado e, questionado se consegue compreender as críticas do PCV, respondeu: "Não vou comentar nenhum pronunciamento de outro partido político, ainda por cima não português".
Já questionado se saúda as declarações do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que afirmou que o Governo e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos a divulgar todas as atas eleitorais, Bernardino Soares considerou que, "quando for ultrapassado o problema criado pelo ataque informático ao sistema eleitoral venezuelano, será positivo que se conclua o processo e que se divulgue toda a informação que é necessário divulgar".
Esta quarta-feira, em declarações à Rádio Observador (acesso pago), o secretário-geral do PCV criticou a posição do PCP sobre as eleições na Venezuela, questionando se têm conhecimento do ataque do Governo de Nicolás Maduro aos sindicatos, da destruição da Amazónia ou ainda do alegado desrespeito da Constituição nos processos judiciais e da incriminação "de quem está a cometer um delito político".
"Atrevo-me a fazer-lhes [ao PCP] a seguinte pergunta: acham que conhecem a Venezuela melhor que nós?", pergunta Óscar Figuera, que acrescenta que tem um "grande apreço" pela história do PCP e sabe que os comunistas portugueses consideram que "a Venezuela está num processo patriótico".
No entanto, o secretário-geral do PCV questiona se o seu "partido irmão" "está a privilegiar a situação do governo da Venezuela na geopolítica e não vê o que se está a passar com a classe trabalhadora e o povo venezuelano às mãos de um governo burguês".
Ministro das Finanças com "respostas ambíguas"
Já sobre a entrevista do ministro das Finanças ao PÚBLICO, Bernardino Soares considerou que Joaquim Miranda Sarmento deu "algumas respostas ambíguas sobre saber-se o que acontece se o Orçamento não for aprovado".
O antigo líder parlamentar comunista reiterou que o seu partido se irá opor ao Orçamento do Estado se mantiver políticas de "cortes nos serviços públicos" e de "desvalorização dos trabalhadores da administração pública", criticando também o executivo pela sua "política de privilégios e benefícios fiscais aos grandes grupos económicos".