Ministério vai avaliar proposta de aumento salarial dos enfermeiros, diz plataforma
O Ministério da Saúde retirou proposta de aumentos de 52 euros, disse plataforma que junta cinco organizações. Já o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses mantém a greve marcada para sexta-feira
O Ministério da Saúde retirou de cima da mesa a proposta inicial de aumentos de 52 euros e aceitou analisar a proposta da plataforma Compromisso pela Enfermagem – que junta cinco sindicatos – de aumentos faseados, até 2026, de dois índices remuneratórios da tabela da carreira de enfermagem, que corresponderão a cerca de 400 euros, disse ao PÚBLICO Pedro Costa, do Sindicato dos Enfermeiros. Próxima reunião está marcada para 12 de Setembro.
A retirada da proposta de aumentos de 52 euros, “só para quem estava no início de cada uma das categorias da carreira”, salienta Pedro Costa, foi encarada pela plataforma como “um sinal positivo”. Assim como a abertura do ministério para analisar a contraproposta de aumentos de dois índices remuneratórios de forma faseada. “O ministério disse que vai analisar o impacto orçamental diluído até 2026”, disse Pedro Costa, referindo que até 12 de Setembro, data da próxima ronda negocial, terá de lhes dizer se aceita e em que moldes.
“Entendemos que tem de ser avaliado, que não podem dar tudo de uma vez”, refere o responsável, frisando que o aumento de dois índices remuneratórios é “uma linha vermelha” da qual não vão abrir mão. “Já avisamos o ministério que se nada acontecer, vamos partir para formas de luta”, reforçou.
Do encontro, que se realizou esta quarta-feira, ficou também a possibilidade existirem aumentos ainda este ano, acrescentou Emanuel Boieiro, do Sindicato Nacional dos Enfermeiros. “A 12 de Setembro esperamos concretizar uma proposta de aumento salarial já para 2024, que ainda não está fechada”, disse à saída da reunião. “Ficou acordado que a 1 de Novembro haverá um aumento salarial para todos os enfermeiros”, adiantou posteriormente ao PÚBLICO, referindo que não ficou valor definido, já que depende da análise que o ministério se comprometeu a fazer da contraproposta que deixaram.
Lembrando que “é preciso parar com a sangria da emigração”, Emanuel Boieiro deixou um apelo a Luís Montenegro “para, até 12 de Setembro, intervir nas negociações e aproximar-se das propostas” da plataforma. “Apesar da boa vontade dos ministérios da Saúde e das Finanças, há opções políticas que só o primeiro-ministro pode autorizar. A prioridade também tem de ser dada aos enfermeiros”, defendeu.
SEP mantém greve
Gorete Pimentel, do Sindicato Independente dos Enfermeiros, reforçou as palavras dos colegas de plataforma, lembrando que os enfermeiros “não têm uma revisão da tabela salarial desde 2009”. Até à próxima reunião, referiu, o ministério irá procurar solucionar problemas antigos, como a questão da contagem de prontos para progressão da carreira e os escalões virtuais dos enfermeiros especialistas que resultaram da anterior revisão da carreira. A responsável adiantou ainda que o ministério também quererá negociar, “a partir de Setembro, a dedicação plena para os enfermeiros, para aplicar no próximo ano”.
Já o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que também se reuniu esta quarta-feira com o ministério, anunciou que vai manter a greve nacional marcada para sexta-feira. "A proposta [apresentada pelo Governo] continua a ser inadmissível, intolerável e, por isso, os enfermeiros terão razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima indignação com a greve do dia 2 de Agosto", afirmou aos jornalistas, no final da reunião com o ministério de Ana Paula Martins.
Segundo José Carlos Martins, citado pela Lusa, a tutela propôs, na grelha salarial da categoria de enfermeiro, um aumento de 52 euros para todas as posições remuneratórias. Nas grelhas salariais de enfermeiro-especialista e enfermeiro-gestor, o "Governo propõe não alterar grelha nenhuma", acrescentou, adiantando que a proposta prevê, porém, que os enfermeiros que estão hoje nessas categorias possam dar um "salto de uma posição remuneratória".