Estado compra acções da Global Media na Lusa e fica com 95,9% da agência

Ministro dos Assuntos Parlamentares diz que a compra demonstra “o compromisso do Governo com o serviço público de jornalismo”. São ainda desconhecidos os planos do executivo para a agência noticiosa.

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"A operação permite ao Estado assumir opções estratégicas da agência de notícias, no âmbito do contrato de concessão de serviço público, que será revisto", diz o ministro dos Assuntos Parlamentares Filipe Arruda
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O Estado comprou esta quarta-feira a participação de 45,71% que a Global Media e a Páginas Civilizadas detinham da Lusa por 2,49 milhões de euros, passando a deter 95,86% do capital da agência noticiosa.

Os contratos foram assinados nas instalações da agência Lusa, em Lisboa, entre a subdirectora da Direcção-Geral de Tesouro e Finanças, Lurdes Castro, em representação do Estado, Marco Galinha, das Páginas Civilizadas e Vitor Coutinho, Diogo Queirós de Andrade e Mafalda Campos Forte, pelo grupo Global Media.

Com esta decisão, o Estado fica detentor de 95,86% do capital da agência noticiosa portuguesa, que tem as participações minoritárias da NP - Notícias de Portugal (2,72%), PÚBLICO (1,38%), RTP (0,03%), O Primeiro de Janeiro, SA e Empresa do Diário do Minho, Lda, cada um 0,01%. A Global Media detinha uma participação de 23,36% da Lusa e a sua accionista Páginas Civilizadas outros 22,35%.

A Páginas Civilizadas tinha uma dívida de mais de um milhão de euros ao Estado, que foi subtraído ao valor total da aquisição, "pelo que o valor líquido da operação é de 1.489.933,65 euros", lê-se num comunicado enviado pelo gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte. "A operação permite ao Estado assumir opções estratégicas da agência de notícias, no âmbito do contrato de concessão de serviço público, que será revisto", acrescenta-se.

O anterior Governo, chefiado por António Costa (PS), pretendia avançar com a compra das participações da Global Media e Páginas Civilizadas, mas, em 30 de Novembro de 2023, o negócio falhou por "falta de consenso político alargado", tendo agora sido retomado pelo executivo PSD/CDS de Luís Montenegro, que tomou posse em Abril.

Os planos do anterior executivo passavam pela gratuitidade do serviço da Lusa, desconhecendo-se, por enquanto, quais as intenções do Governo da AD em relação à agência noticiosa, para além do anúncio da revisão do contrato de concessão de serviço público.

Em 18 de Junho, o ministro dos Assuntos Parlamentares, que tem a tutela da comunicação social, considerou, numa reunião com o Sindicato dos Jornalistas, que a compra das acções da Lusa detidas pela Global Media Group (GMG) era "uma prioridade absoluta", embora alertando que o Estado não poderia "pagar mais do que o preço justo".

A compra agora concretizada, segundo o ministro, sinaliza também "o compromisso do Governo com o serviço público de jornalismo, prestado pela RTP/Antena 1 e pela única agência portuguesa de notícias".

A aquisição das acções pelo Estado seguiu-se à venda de parte dos títulos detidos pelo grupo Global Media (JN, O Jogo e TSF) a uma nova empresa, a Notícias Ilimitadas, detida a 61% por quatro investidores: Ilíria, Parsoc, Mesosystem e o jornalista Domingos Andrade.

Após esta operação, o grupo de Marco Galinha, que ficará, entre outros, com os títulos Diário de Notícias e Açoriano Oriental, comprou a posição da World Opportunity Fund, que assim deixa a Global Media.