ONU “extremamente preocupada” com distúrbios nos protestos anti-Maduro

Alto-comissário da ONU disse que Venezuela está numa encruzilhada e exortou autoridades a respeitarem direitos dos venezuelanos de se reunirem, protestarem e expressarem as suas opiniões.

Foto
Manifestação contra os resultados eleitorais nas eleições presidenciais em Caracas, Venezuela RONALD PENA R / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:55

O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse esta terça-feira estar “extremamente preocupado” com os distúrbios na Venezuela após a reeleição de Nicolás Maduro nas presidenciais de domingo, em que a oposição reivindica vitória.

“Estou extremamente preocupado com o aumento das tensões na Venezuela”, frisou Türk em comunicado. "A Venezuela está numa encruzilhada. Exorto as autoridades a respeitarem os direitos de todos os venezuelanos de se reunirem, protestarem pacificamente e expressarem as suas opiniões livremente e sem medo”.

Volker Türk referiu também que está alarmado com os “relatos de uso desproporcional da força por parte dos responsáveis pela aplicação da lei, juntamente com a violência por parte de indivíduos armados que apoiam o Governo, conhecidos como colectivos”.

“Os responsáveis pelas violações dos direitos humanos devem ser responsabilizados”, sublinhou ainda, confirmando apenas uma morte e apontando que as “alegações [de mais mortes] estão ainda pendentes de verificação”.

O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos defendeu ainda que as eleições devem ser “resolvidas de forma pacífica, com total transparência, incluindo a publicação atempada dos resultados eleitorais com repartição por assembleias de voto”.

“As autoridades eleitorais devem realizar o seu trabalho de forma independente e sem interferências, a fim de garantir a livre expressão da vontade dos eleitores e salvaguardar os seus direitos”, concluiu.

A organização de defesa dos direitos humanos venezuelana Foro Penal afirmou que pelo menos seis pessoas, incluindo dois menores, morreram durante os protestos que se registam desde segunda-feira no país contra a reeleição do Presidente Nicolás Maduro.

Alfredo Romero, director do Foro Penal, deu ainda conta em declarações aos media de 132 detidos pelas autoridades neste período que designou como "pós-eleitoral", referindo-se aos protestos que se têm repetido por várias cidades venezuelanas desde segunda-feira contra os resultados das eleições presidenciais de domingo, anunciados pelas autoridades, que reelegeram o Presidente Nicolás Maduro.

O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, disse que um membro das Forças Armadas morreu devido a disparos que atribuiu aos manifestantes, no estado de Aragua (norte). Além disso, pelo menos 48 polícias e militares ficaram feridos.

Saab revelou ainda "um número preliminar de 749 delinquentes detidos”, acrescentando que a maioria foi acusada de “resistência à autoridade” e “em casos mais graves, de terrorismo”.

O Conselho Nacional Eleitoral concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que terá obtido 44% dos votos.

A principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), afirmou que o seu candidato ganhou a Presidência por uma ampla margem (73%) e criou um sítio na Internet no qual carregou resultados eleitorais para sustentar a sua afirmação. A oposição e parte da comunidade internacional duvidam destes resultados e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais.