Desinformação sobre esfaqueamento provoca ataques islamofóbicos no Reino Unido

A manifestação violenta acontece após informações falsas sobre o suspeito do esfaqueamento terem circulado nas redes sociais.

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Milhares de pessoas participaram em vigília pacífica, antes dos protestos violentos ADAM VAUGHAN / EPA
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As forças de segurança acreditam que o protesto foi organizado pela English Defense League (EDL), organização islamofóbica de extrema-direita Temilade Adelaja / REUTERS
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Uma multidão aparentemente ligada a grupos de extrema-direita concentrou-se esta terça-feira à tarde junto a uma mesquita de Southport, no Reino Unido, e entrou em violentos confrontos com a polícia, atirando tijolos e garrafas de vidro e pegando fogo a uma viatura policial.

Os desacatos, que decorreram no fim de uma vigília em memória das vítimas do esfaqueamento ocorrido naquela localidade (uma delas é uma criança portuguesa), ganharam dimensão depois de terem circulado nas redes sociais informações falsas sobre o suspeito.

Um rapaz de 17 anos foi detido na segunda-feira por suspeitas de ter levado a cabo o ataque. A polícia não divulgou quaisquer detalhes sobre a sua identidade, a não ser que se tratava de uma pessoa nascida em Cardiff e residente em Banks, uma vila próxima de Southport. No entanto, segundo o The Guardian, um nome começou a correr na internet e surgiram comentários islamofóbicos e apelos a deportações em massa. A Secretária de Estado dos Assuntos Internos do Reino Unido já condenou, no Parlamento, a disseminação de informação falsa.

As autoridades de Merseyside afirmaram que um polícia ficou com o nariz partido e que vários veículos ficaram danificados depois de os manifestantes lhes terem pegado fogo. As forças de segurança acreditam que o protesto foi organizado pela English Defense League (EDL), organização islamofóbica de extrema-direita.

O especialista em desinformação e propaganda Marc Owen Jones calculou, ao fim da tarde, que as alegações de que o atacante é muçulmano, migrante ou refugiado tinham chegado a mais de 27 milhões de pessoas. Uma das contas responsáveis pela forte disseminação dessas versões faz-se passar por um órgão de comunicação social mas a jornalista de investigação e especialista em fontes abertas Katherine Denkinson disse à Times Radio que a conta aparentava ter origem russa.

​Os manifestantes começaram a atirar objectos na direcção de uma mesquita da cidade por volta das 19h45. À medida que os protestos se intensificaram e começaram a ferir polícias, mais agentes tiveram de ser chamados ao local. Um representante da polícia local, Alex Goss, disse que “é doentio ver isto acontecer numa comunidade que foi devastada pela trágica perda de três jovens vidas.

Sobre a desinformação que tem circulado nas redes sociais afirmou que tem havido muita especulação e alguns indivíduos estão a usar isso para trazer violência e desordem para as nossas ruas. Muitos manifestantes eram homens de rosto tapado que gritavam frases como “não se rendam”, “inglês até morrer” e “queremos o nosso país de volta”.

A polícia lançou gás lacrimogéneo para a multidão depois de uma carrinha das autoridades ter sido incendiada. Os manifestantes tentaram virar outra carrinha da polícia de choque e atiraram vasos e caixotes de lixo vazios contra as forças de segurança e contra a mesquita em Southport.

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