Bolsa Gil Mendo quer fomentar colaboração na dança entre Portugal e o Mediterrâneo

Gerida pelo Fundo Roberto Cimetta, visa “reforçar conhecimentos e competências profissionais, através do intercâmbio entre pares, da co-criação, co-produção e criação/participação em redes”.

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Gil Mendo na Culturgest, onde foi programador de 2004 a 2017 Tiago Machado
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Uma nova bolsa para artistas e outros profissionais da área da dança, destinada a fomentar as colaborações artísticas e culturais entre Portugal e a região do Mediterrâneo, foi lançada por várias entidades em homenagem a Gil Mendo (1946-2022).

A Bolsa de Mobilidade Gil Mendo é uma iniciativa do Fundo Roberto Cimetta, da Direcção-Geral das Artes (organismo dependente do Ministério da Cultura) e da Fundação Calouste Gulbenkian e pretende homenagear o legado do professor e coreógrafo Gil Mendo, incentivando a mobilidade de criadores da dança, anunciou esta segunda-feira a organização.

Gil Mendo, que morreu a 23 de Março de 2022, foi um dos fundadores da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa e do Fórum Dança, na década de 1990. Foi programador de dança no Centro Cultural de Belém (1993-1995) e na Culturgest (2004-2017).

Os principais objectivos da Bolsa de Mobilidade Gil Mendo, gerida pelo Fundo Roberto Cimetta, passam por "reforçar conhecimentos e competências profissionais, através do intercâmbio entre pares, da aprendizagem, da co-criação, co-produção e criação/participação em redes", segundo uma nota publicada no sítio online da Direcção-Geral das Artes.

Também visa "aumentar as oportunidades de trabalho, contribuindo directa ou indirectamente para o desenvolvimento cultural no Mediterrâneo".

Podem candidatar-se a esta bolsa profissionais das artes e da cultura residentes em Portugal, incluindo ilhas, e nos países não pertencentes à União Europeia situados na bacia do Mediterrâneo, como os Balcãs Ocidentais, o Norte de África e o Médio Oriente.

A bolsa disponibiliza um montante fixo entre 500 e mil euros destinado a financiar, total ou parcialmente, os custos relacionados com projectos de mobilidade, nomeadamente transportes, vistos e alojamento, entre outros.

As iniciativas "devem realçar a contribuição e o impacto potencial do projecto de mobilidade no panorama artístico e cultural local e/ou regional", ainda segundo as regras gerais. Será constituído um júri de selecção externo, composto por um grupo de peritos de Portugal e de países mediterrânicos não pertencentes à União Europeia.

Um ano depois da morte, Gil Mendo, considerado uma referência incontornável da dança contemporânea em Portugal, foi homenageado com uma celebração de três dias de performances e conversas na Culturgest, em Lisboa, em torno das áreas nas quais trabalhou: programação artística, educação, políticas culturais e internacionalização.

Intitulado Para o Gil, o evento, concebido de forma colectiva pela comunidade da dança, recebeu a participação de artistas como Vera Mantero, João Fiadeiro, Madalena Victorino, Tânia Carvalho, Sónia Baptista, Sílvia Real, Né Barros ou Ana Borralho e João Galante, entre outros.

Gil Mendo Valente e Branco, nascido em 1946, em Oeiras, estudou no Centro de Estudos de Bailado do Instituto de Alta Cultura e no Benesh Institute of Choreology, em Londres.

Entre 1990 e 1991 foi consultor para a dança do Comissariado Europália 91-Portugal e participou na organização de mostras de dança portuguesa em Madrid, Glasgow e Bona. Trabalhou como perito do Fundo Roberto Cimetta para a mobilidade de artistas e profissionais do Mediterrâneo, do qual também foi um dos fundadores.