Futebol: seleccionadora da equipa feminina do Canadá expulsa por espiar rivais com drone

Bev Priestman vai para casa e a sua equipa é penalizada com a perda de seis pontos. Adversárias neozelandesas foram espiadas com drone.

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Seleccionadora da equipa de futebol feminino do Canadá é expulsa por usar drone para espiar rivais Asanka Brendon Ratnayake / REUTERS
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O Canadá perdeu seis pontos no torneio olímpico de futebol feminino e sua treinadora principal, Bev Priestman, foi banida por um ano, informou a FIFA este sábado. O motivo terá sido uma tentativa de espionagem do treino das adversárias com recurso a um drone.

Priestman, que treina a equipa desde 2020 e a levou ao título olímpico em Tóquio um ano depois, bem como os técnicos canadianos Joseph Lombardi e Jasmine Mander foram banidos de qualquer actividade relacionada com o futebol por um ano devido a "comportamento ofensivo e violação dos princípios do fair play", disse a FIFA.

A Nova Zelândia terá acusado a equipa canadiana de ter sobrevoado com drones o local onde treinavam para o jogo de abertura dos Jogos Olímpicos, que o Canadá acabou por vencer por 2-1.

O incidente fez com que Priestman e os outros técnicos envolvidos fossem suspensos pelo órgão máximo regulador do futebol do Canadá (Canada Soccer) e, portanto, abandonaram Paris.

O Comité Olímpico Canadiano afastou Priestman na quinta-feira já depois do castigo da Canada Soccer, com a FIFA a juntar-se agora aos dois organismos. O assistente Andy Spence será o técnico da selecção até ao final dos Jogos.

Priestman pediu desculpas na quarta-feira pelo ocorrido e disse que a responsabilidade final era sua. "Isso não representa os valores que a nossa equipa defende", disse. A seleccionadora de 38 anos já teria o contrato renovado até ao Campeonato do Mundo de 2027, mas este agora é posto em causa.

Num anúncio de emprego no site da Canada Soccer em Janeiro, a selecção nacional feminina procurava um analista de desempenho "capaz de operar um drone" e com "conhecimento prático de câmaras de treino".

A cadeia de televisão desportiva canadiana TSN revelou que o uso de drones por parte da selecção é anterior aos Jogos Olímpicos de 2024, com fontes a acusar a treinadora de ter feito o mesmo em 2021.

No entanto, na sexta-feira, as ex-jogadoras Christine Sinclair e Stephanie Labbe afirmaram nunca ter visto imagens de drones durante o período em que estiveram na equipa.

Kaylyn Kyle, ex-jogadora da equipa nacional e que competiu nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, recorreu às redes sociais para criticar a seleccionadora e defender o plantel.

"Somente as jogadoras sofrem com a estupidez e o egoísmo. A quantidade de trabalho que se dedica à preparação dos Jogos Olímpicos para depois veres os teus sonhos e esperanças destruídos", escreveu no X.

De acordo com a decisão da FIFA, as campeãs em título ficam agora com três pontos negativos no grupo A, com a dedução de seis pontos aos três que haviam conquistado. Restam dois jogos por disputar. A decisão continua sujeita a um possível recurso por parte do Tribunal Arbitral do Desporto.

O Canadá enfrentará agora a França, que lidera o grupo A com três pontos, no domingo. De seguida, enfrentará a Colômbia, que, assim como a Nova Zelândia, ainda não pontuou, na quarta-feira.

As duas melhores equipas de cada grupo e as duas melhores equipas terceiras classificadas apuram-se para os quartos-de-final olímpicos.