Leon Marchand vai mergulhar cinco vezes para o ouro

O nadador francês tenta, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 igualar o feito de Michael Phelps.

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Leo Marchand DR
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O cognome de "Michael Phelps francês" não vai pesar quando Leon Marchand mergulhar na piscina da La Defense Arena. Com o apoio de grande parte dos 15 mil espectadores presentes no complexo aquático onde vão ser disputadas as provas de natação olímpicas, o nadador francês salta este domingo para a conquista do ouro olímpico, nos 400m estilos. Mas no horizonte de Marchand não está uma, mas cinco medalhas de ouro olímpicas.

“Quero ser campeão olímpico e terei cinco oportunidades para isso. Esse é o plano A, aquele que está na minha cabeça”, revelou Marchand, que vai competir nos 200m e 400m estilos, 200m mariposa, 200m bruços e a estafeta 4x100 m estilos. Uma tarefa desde já difícil e que aumenta de dificuldade devido ao calendário que colocou as provas de mariposa e bruços no mesmo dia.

“Depois dos 400m estilos, iremos decidir se posso fazer as duas provas ou não. Na verdade, não visualizei os cenários que poderiam acontecer, são muitos. Vou tentar guardar a surpresa, não quero saber. É um presente que vou abrir no domingo e nos dias seguintes. Sei que a pressão vai ainda aumentar e é por isso que os 400m estilos vão ser uma libertação, por finalmente poder mergulhar e ver o que posso fazer”, acrescentou na conferência de imprensa na quinta-feira.

Curiosamente, foi essa a prova que revelou Marchand nos Jogos Olímpicos de 2021, quando terminou no sexto lugar. O resultado prometedor levou-o a treinar essa distância e, no ano seguinte, nos Mundiais de Budapeste, Marchand bateu o recorde mundial de 400 metros estilos que pertencia a Phelps.

Nascido há 22 anos em Toulouse, filho de Xavier Marchand e Céline Bonnet, ambos nadadores olímpicos, o atleta francês estuda ciências da computação na Universidade do Arizona, em Tempe, onde treina sob a supervisão de Bob Bowman, que levou Phelps dos campeonatos universitários dos EUA ao topo do mundo da natação – reforçando ainda mais as comparações com o nadador americano.

Após um ano de adaptação, Marchand venceu todas as 26 provas que realizou em 2023 no circuito universitários dos EUA e nos Mundiais. Em Fukuoka, o nadador francês conquistou três títulos mundiais individuais (200m, 400m estilos e 200m mariposa), mas foi impedido de inscrever-se nos 200m bruços por Bowman, que nunca permitiu que Phelps disputasse duas provas individuais no mesmo dia. O facto de os Jogos Olímpicos se realizarem no seu país permitiu a Marchand convencer o treinador a apostar nas quatro provas individuais. E Bowman está presente em Paris como treinador assistente da equipa olímpica francesa de natação.

“Sempre tive dificuldade em escolher entre nadar mariposa e bruços, mas nunca tive oportunidade de expressar-me nas duas provas ao mesmo tempo. O calendário dos Jogos não é assim tão mau para mim, com uma hora e meia entre as duas finais. É muito difícil, é um desafio enorme, mas sou capaz, posso transcender-me”, frisou Marchand.

Após duas semanas com treinos diários, em que nadou sete quilómetros por dia, ganhou um pouco de resistência e um pouco de caixa, Marchand apresenta-se em Paris como uma das grandes estrelas do desporto francês, um estatuto com que também aprendeu a lidar.

"Adaptei-me muito bem durante dois anos a esta loucura, uma escala desproporcional, pelo menos para natação. Os meus pais desempenham um grande papel em tudo isso. Eles estiveram nos Jogos Olímpicos e ajudam-me a lidar com a pressão”, afirmou, antes de admitir: “Agora gosto disso, vejo mais como um desafio. E quero seguir o meu próprio caminho. É a primeira vez que chego como favorito da casa. Há muita cultura americana no facto de conseguirem vencer diversas vezes. Não têm medo e consideram que ser favorito é uma oportunidade. Veremos, mas é emocionante para mim.”

Nos Jogos de Sydney de 2000, o adolescente Ian Thorpe gerou uma loucura semelhante na Austrália e correspondeu ao ganhar o ouro nos 400 metros livres e nas estafetas 4x100 e 4x200 no mesmo estilo. Mas não conseguiu imitar Phelps, Mark Spitz e Kristin Otto, que conquistaram quatro (ou mais) medalhas de ouro numa única edição dos Jogos Olímpicos – Phelps detém um recorde de cinco nos Jogos de 2008, de um total de 13 títulos individuais olímpicos.

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