Olá.

Após um interregno, aqui está o seu Próximo Episódio. Obrigada por continuar desse lado. Nas últimas semanas aconteceram várias coisas dignas de nota no mundo do streaming. Foram conhecidas as nomeações para os Emmys, a Netflix consolidou-se como líder imbatível do sector com os seus 277,7 milhões de assinantes, The Bear está de volta, as opiniões dividiram-se (não por aqui, onde a ovação continua de pé) e, como os memes em torno de Kamala Harris, um bode tornou-se em puro alívio cómico num mundo feito de incesto, crianças degoladas, solidão e morticínio generalizado.

"A verdadeira estrela da nossa série, Del, o bode, que aparece em Harrenhal, é o maior." Sara Hess, uma das produtoras executivas e autoras de House of the Dragon, ajuda o leitor/espectador a perceber esta referência talvez um pouco rebuscada para a segunda temporada da série da HBO/Max numa conversa no podcast oficial da série. Numa altura em que ainda há muitas perguntas sobre se haverá fenómenos duradouros e cultos televisivos nos anos 2020, nem toda a gente pode responder com um "ah, mas e o bode?" — mas ele significa qualquer coisa. Porque muita gente reparou nele e continua-se a olhar para estas séries como mistérios a deslindar no e fora do ecrã.

"Tivemos uma ideia maluca: e se houvesse um bode aleatório em Harrenhal e nunca o vemos na mesma sala com [a enigmática e mística] Alys Rivers? E, claro, os realizadores levaram isso a um ponto de loucura, o que é tão divertido", continuou Hess. House of the Dragon continua a ser uma pequena febre, está num crescendo em termos criativos e é um interessante objecto de estudo no que toca à adaptação literária para televisão.

Baseia-se nos livros de George R.R. Martin que são uma colecção de relatos pouco fiáveis sobre a "Dança dos Dragões", um período "histórico" na ficção do mundo A Guerra dos Tronos, e a liberdade com que Ryan Condal e companhia estão a preencher os espaços em branco mostra algo que permite manter a confiança dos espectadores na criação de cultos e de objectos culturais audiovisuais com poder de entretenimento e permanência: alegria.

Alegre está também o canal FX, e com ele o império Disney que o detém, visto que a justiça foi feita e a academia dos Emmys reparou no inescapável: Shogun é obra e a segunda temporada de The Bear também. As duas são as mais nomeadas, com 25 e 23 possibilidades de prémio, respectivamente, seguidas por outro título Disney, desta feita via Hulu, Homicídios ao Domicílio. Menos sorridente, mas igualmente merecedora, estará a HBO/Max com 19 nomeações para True Detective: Night Country.

A HBO perdeu terreno no piso que melhor conhece, o do prestígio, mas a Netflix também não ficou muito equilibrada — 18 nomeações para a derradeira temporada de The Crown, discutivelmente a mais fraca de todas, mais umas 11 para Baby Reindeer e 13 para Ripley. Mas para os 278 milhões de assinantes da Netflix, um Emmy importa ou mais vale continuar a ver Too Hot to Handle e Bridgerton? É que no total, a Netflix também é vencedora na versão aritmética dos Emmys, com 107 nomeações. É a quantidade em vez da qualidade? E voltemos ao Del. Poderão ele e uma incógnita estar na mesma sala de um enorme castelo assombrado ao mesmo tempo? (E não, não é a peneira que está mais apertada — há mesmo menos estreias por estas semanas.)

PS: No fim de Junho, o camarada de profissão José Paiva Capucho teve a gentileza de vir falar com a autora desta newsletter para o seu belo podcast, Só Uma Nota. A conversa deu para entremear dois episódios, que estão aqui para ouvir.

O que anda a ver?

Joana Silva, vice-presidente de programação e aquisições da Max

"A primeira que me vem à cabeça é uma série que me tem completamente apaixonada por ela desde que a estreámos: Hacks. Estou com a terceira temporada, com uma magnífica Jean Smart. E vi Baby Reindeer, aquela série de que toda a gente está a falar, na Netflix."

Jogos Olímpicos — Max e RTP Play

Arrancam esta sexta-feira os Jogos Olímpicos e pela primeira vez em Portugal há uma versão Max da coisa. Ou seja: além das transmissões nos canais lineares (RTP1, RTP2, RTP3 e Eurosport 1 e 2 e sete canais temáticos desta última), há a possibilidade de aceder gratuitamente às provas através da RTP Play e de forma paga com a Max. No caso desta última, estreia-se a sua cobertura de mais de 3800 horas de provas em directo, muitos deles em simultâneo, entre hoje e 11 de Agosto, com alertas para o telemóvel em caso de medalhas de ouro, emissões feitas à medida com as escolhas do espectador, e a possibilidade de seguir atletas em particular.

Netflix

Sexta-feira, 26 de Julho

Elite —  Temporada 8 deste fenómeno que dura, e dura, e que agora tem como vilões os irmãos Emilia e Héctor Krawietz, líderes da associação de antigos alunos do colégio de Las Encinas, uns giraços corruptos que Omar terá de enfrentar. Oito episódios.

Quarta-feira, 31 de Julho

Rainha da Montanha: Os Cumes de Lhakpa Sherpa — Filme sobre a  primeira mulher nepalesa a atingir o cume do Monte Evereste e a sobreviver, sobretudo focado no que fez a seguir: inspirar raparigas. Agora é mãe solteira, trabalha num supermercado no Connecticut e regressa à montanha para inspirar as filhas. Realizado por Lucy Walker.

Unsolved Mysteries — Cinco episódios que mistérios que ficaram por solucionar, desde "mortes inexplicáveis, desaparecimentos desconcertantes e actividade paranormal bizarra".

Quinta-feira, 1 de Agosto

Instável — Rob Lowe e John Owen Lowe, pai e filho na vida real e nesta série, estão de volta para uma segunda temporada em que o pai Ellis Dragon, um bem sucedido empresário narcisista, cria jogos mentais para ver se o filho, Jackson, está apto a ser o herdeiro do império Dragon da …área da biotecnologia. Oito episódios.

O Homicídio Perfeito: Um Guia Para Boas Raparigas — Série produzida pela BBC que já se estreou no Reino Unido e Irlanda e que se baseia no policial A Good Girl’s Guide To Murder, de Holly Jackson, e que claro que foi um best-seller (ou então a Netflix, ou a BBC para começar) não arriscavam uma adaptação. O caso é o do assassinato de Andie Bell e a condenação pronta do seu namorado, Sal Singh. Mas Pip Fitz-Amobi não acredita no veredicto e dedica-se a tentar prova-lo. A adaptação é de Poppy Cogan e a realização de Dolly Wells. Seis episódios.

Mon Laferte, te amo — Filme sobre a cantora latino-americana e sobre um momento particular da sua vida: estar em digressão acabada de ser mãe e com os fantasmas da pobreza, abuso e falta de amor a atormentá-la.

Max

Sexta-feira, 26 de Julho

Caught! — Estamos visíveis mesmo quando não sabemos, registados por câmaras de vigilância, telemóveis alheios e afins. Esta série é uma espécie de Ridiculousness, vá, compilando situações peculiares captadas por acaso e normalmente quando alguém está a fazer algo que não deve.

Terça-feira, 30 de Julho

Maine Cabin Masters – Oitava temporada sobre as cabanas e casas de madeira seculares que estão em fase de abandono ou revitalização no estado do Maine.

Prime Video

Domingo, 28 de Julho

Insidious: A Porta Vermelha — Filme de terror da série que carrega o título e no qual se promete um mergulho ainda mais fundo nos horrores para acabar com os demónios que atormentam a família Lambert.

Filmin

Quinta-feira, 1 de Agosto

O que podem as palavras — Tudo. Ou quase tudo. Este é o documentário de Luísa Marinho e Luísa Sequeira sobre as Três Marias, as mulheres que tiveram a coragem de publicar, em 1972 e ainda com as portas pouco abertas para a revolução, as Novas Cartas Portuguesas. Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa publicaram, viram o livro resgatado pela PIDE e foram julgadas por atentado à moral. Falavam da vida das mulheres do seu e de outros tempos, mudaram mentalidades. Uma história imperdível.

A Dama de Xangai — O clássico de Orson Welles, estreado em 1947 e um convite irrecusável a ver Rita Hayworth no auge da sua sedução da câmara e o realizador num dos picos da sua arte.

O Crime é Meu — Comédia de François Ozon, que em 2023 recuou à Paris dos anos 1930 acompanhado por Isabelle Huppert e Fabrice Luchini para rir em torno de um assassínio, uma confusão legal e duas mulheres a esbracejar.

SkyShowtime

Domingo, 28 de Julho

Patos! — A exclamação é mesmo do título, não é entusiasmo nem susto de quem faz esta breve apresentação do filme de animação sobre a família Mallard, residente num lago de Nova Inglaterra mas agitada por uma outra família de patos migratórios que os titila com histórias de outras paragens. O argumento é de Mike White (The White Lotus) e o filme estará disponível em versão dobrada.

Globoplay

Segunda-feira, 29 de Julho

Tem de Suar — Uma ordem inadvertida no Verão, mas esta série de humor da Globo coloca um ginásio como epicentro do género "comédia no local de trabalho". Há uma remodelação da imagem do ginásio e um novo dono.

Terça-feira, 30 de Julho

5 Anos de Porchat — O nome maior a sair da trupe Porta dos Fundos cumpre cinco anos no programa Que História É Essa, Porchat? que a Globo lhe ofereceu. Este especial é um episódio em directo, com as surpresas associadas.

Quarta-feira, 31 de Julho

Copa do Brasil — Eis mais um torneio desportivo, desta feita o início dos oitavos de final da Copa do Brasil.

Apple TV+

Quarta-feira, 31 de Julho

Las Azules — Quatro mulheres que se tornam a primeira força policial feminina no México, felizes da vida pelo seu pioneirismo até perceberem que são só uma manobra de marketing — pior, para distrair os jornais de um assassino em série à solta que a polícia (masculina) não consegue apanhar.  Não é preciso ler muito mais linhas disto para perceber que Las Azules (a sua farda, algures entre a assistente de bordo e a Estrumpfina) vão mas é tratar de apanhar esse meliante pelos seus próprios meios.  ​

TVCine+

Quarta-feira, 31 de Julho

Evil — Depois da estreia, na véspera, no TVCine Emotion, começa a despedida da série discreta mas com uma base de fãs atentos que a acompanhou até esta quarta e última temporada para saber o que será de Kristen Benoist, uma psicóloga forense, David Dacosta, um padre católico, e do perito em tecnologia Ben Shakir e da sua busca para encontrar a origem do mal. Criada por Michelle e Robert King (The Good Wife, The Good Fight).

O streaming é o futuro

Dune: Prophecy, a série prequela dos filmes/livros Duna chegará em Novembro com seis episódios, numa data precisa que só as Bene Gesserit saberão. A segunda temporada da admirável Pachinko estreia-se a 23 de Agosto na Apple TV+, que também será a casa de Disclaimer, série thriller psicológico de Alfonso Cuarón com Cate Blanchett e Kevin Kline, ou de Blitz, o novo filme de Steve McQueen (22 de Novembro). E A Casa dos Espíritos volta para nos assombrar outra vez, desta feita em formato série e na Prime Video, mas made in Chile e com Eva Longoria como produtora executiva.

Ler para ver

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El País: Lo que ‘Sensación de vivir’ dice de nosotros
 

Até ao Próximo Episódio.