EUA-China: a guerra do doping já começou na natação
A recente descoberta do envolvimento de atletas chineses num escândalo de doping lançou uma nuvem de desconfiança em Paris. Os norte-americanos não acreditam estar em igualdade de circunstâncias.
Onze atletas de natação chineses, que estarão presentes em Paris 2024, estiveram envolvidos numa polémica de doping antes dos Jogos de Tóquio, onde ganharam três medalhas de ouro. O caso veio a público este ano pelo New York Times.
A situação remonta a Tóquio 2020, evento realizado em 2021, e veio a público só em Abril deste ano. E com o aproximar das provas nas piscinas, vários atletas entre os melhores do mundo levantaram preocupações e desconfianças sobre a integridade das autoridades antidoping. Entre os mais críticos estão os norte-americanos, com receio de serem destronados, avança a Reuters.
Em causa está o facto de vários atletas chineses terem testado positivo para o medicamento cardíaco trimetazidina antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Os atletas não foram impedidos de competir e, inclusive, a equipa chinesa conseguiu três medalhas de ouro.
As autoridades mundiais de controlo antidoping aceitaram uma investigação chinesa que alegadamente comprovava que os resultados dos testes se deviam a uma contaminação alimentar proveniente de uma cozinha de um hotel onde a equipa teria ficado. Uma investigação independente da Agência Mundial Antidoping terá corroborado os resultados da investigação chinesa. Contudo, a falta de transparência deixou mazelas na confiança.
A equipa chinesa de natação para Paris 2024 será composta por 11 dos 23 atletas envolvidos no caso.
Caeleb Dressel, norte-americano e sete vezes campeão olímpico, abriu as hostilidades e questionado esta quinta-feira sobre se sentia estar a competir em igualdade de condições. Foi peremptório: “Não, não sinto”.
A missão dos Estados Unidos da América, afinal, tem muito a perder. Desde 1988 que os norte-americanos não saem do topo da tabela de medalhas da modalidade. Este ano, a história não parece ser diferente. Ledecky, nos 800 e 1500 metros livres, Dressel nos 50 livres e nos 100 metros de mariposa e Regan Smith nos 100 metros costas, são alguns dos nomes mais sonantes das águas de Paris 2024.
Mas nem só os norte-americanos se revelaram descontentes. Os mais vocais são outros nadadores possivelmente ameaçados de serem destronados por atletas chineses. O campeão olímpico australiano dos 200 metros bruços, Zac Stubblety-Cook, confirmou que decidiria se fazia um protesto antidoping depois da corrida com o recordista mundial chinês Qin Haiyang.
As provas de natação começam já este sábado, 27 de Julho, e terminam a 4 de Agosto.