Apocalipse

Devíamos envolver-nos com o que está em volta, o mundo em véu em vez de um céu a abater-se. Menos apocalipse, mais Calipso.

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Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, Albrecht Dürer, 1498
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A ideia de apocalipse não nos serve. Na sua versão cataclísmica moderna, um fim do mundo compele-nos na urgência de o evitar. E na sua versão bíblica, da revelação que desvela – é essa a etimologia da palavra –, uma exigência de verdade faz o mesmo trabalho de compelir. De uma forma ou de outra, vivemos encandeados pelo clarão banalizado de um hiperacontecimento que não deixa ver o chão irregular que pisamos. Alguma suspeita deveria notar, no entanto, como a aceleração das vidas em crise, pequenos apocalipses a que nos subjugamos quotidianamente, expõe o apocalíptico como forma extrema do regime de crise que se tornou regra de vida contemporânea.

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