Nadadores-salvadores registaram 155 mortes por afogamento no ano passado

Número de mortes por afogamento em 2023 iguala as piores estatísticas dos nadadores-salvadores de que há registo. Dez dos 155 mortos tinham até 19 anos. No primeiro trimestre do ano houve 23 mortes.

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Três em cada quatro vítimas de afogamento são do sexo masculino e 69% dos mortos tinham mais de 40 anos Manuel Roberto
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O número de mortes por afogamento registados pelos nadadores-salvadores em 2023 igualou as suas piores estatísticas: segundo os dados do observatório da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, foram 155 as pessoas que perderam a vida em acidentes com afogamento, tantas como as registadas pela mesma organização em 2017. Este número ainda pode aumentar, se o INE tiver contabilizado casos registados por outras entidades. Dez dessas vítimas mortais eram crianças ou adolescentes até aos 19 anos, uma faixa etária que representa assim 6,4% de todos os afogamentos registados no ano passado.

De acordo com o observatório, que assinala esta quinta-feira o Dia Mundial da Prevenção do Afogamento, também já se registaram pelo menos 23 mortes por afogamento no primeiro trimestre deste ano, entre 1 de Janeiro e 31 de Março, menos quatro do que no mesmo período de 2023. Não há menores entre as vítimas identificadas (há seis pessoas cuja idade não foi determinada), mas um quinto das mortes por afogamento registadas nesse período vitimou idosos na casa dos 70 anos.

As estatísticas da federação referentes ao ano passado revelam que houve mais quatro vítimas por afogamento em 2023 do que no ano anterior. Em 2022, a federação registou 151 mortes por afogamento, mas o número total fixou-se nas 157 mortes — o maior número de mortes por afogamento em Portugal em 18 anos, contando não só com os dados dos nadadores-salvadores como com as estatísticas de outros institutos​ levados em consideração pelo INE.

Depois das 155 mortes verificadas em 2017 pelo Observatório do Afogamento, o número de vítimas diminuiu no ano seguinte, mas voltou a aumentar por dois anos consecutivos logo depois, em 2019 (119 mortes) e 2020 (130 mortes). Em 2021, houve uma quebra de 20% nos afogamentos, que desceram para as 104 vítimas mortais. Mas as estatísticas voltaram a atestar um aumento, sendo 2023 o segundo ano seguido com as mortes por afogamento a crescer.

Mais mortes entre os homens

Três em cada quatro vítimas de afogamento (76,8%) são do sexo masculino e 69% dos mortos tinham mais de 40 anos, sendo a faixa etária que reúne mais vítimas mortais a que está entre os 60 e os 69 anos (30 casos). A maioria dos acidentes (58,7%) registam-se à tarde e no mar (44,5%), mas quase sempre (96,8%) em praias não vigiadas. Os distritos com mais registos são o Porto (14,2%), Lisboa (13,5%) e Faro (12,3%). As quintas-feiras (18,1%) e as sextas-feiras (17,4%) são os dias com mais registos de afogamento.

É um panorama ligeiramente diferente daquele que se verificou no primeiro trimestre de 2024. Continuou a haver mais mortes entre os homens do que entre as mulheres e os adultos e idosos a partir dos 40 anos continuam a ser a maioria. Mas, de acordo com os dados da federação, os rios reclamaram mais vidas do que o mar — dez vítimas em rios e metade disso no mar — e seis em cada dez acidentes aconteceram de manhã. Porto (cinco mortos) e Lisboa (três mortes) continuam entre os três distritos com mais vítimas de afogamento —, mas, no primeiro trimestre do ano, Coimbra igualou o número de afogamentos registados na capital. Faro não teve qualquer afogamento.

De acordo com o Observatório do Afogamento, o mês de Agosto — que é também um dos mais procurados para as férias em Portugal — foi o mais prevalecente nos registos de mortes por afogamento no ano passado: 12,3%. Ainda assim, logo atrás, surgem os meses que estão fora da época balnear ou em que a vigilância está a meio gás: em Dezembro, Outubro (11,6%), Abril e Setembro (10,3%).

“Estes resultados evidenciam a urgência de mudanças políticas significativas nesta área”, defendeu a Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores num comunicado enviado às redacções. A associação defende que haja assistência aos banhistas em todas as praias portuguesas durante todas as estações, embora com diferentes níveis de alerta; a instalação de equipamentos que melhorem a vigilância, o socorro e a protecção dos nadadores-salvadores; e a passagem da responsabilidade exclusiva pela assistência aos banhistas para as autarquias, através das associações de nadadores-salvadores.

A federação advoga um aumento dos conteúdos de segurança aquática nas escolas portuguesas. Nesse sentido, lançou um questionário anónimo para recolher informação sobre a competência aquática das crianças portuguesas entre os seis e os 12 anos, que pode ser respondido pelos pais e encarregados de educação através de um formulário online.

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