Greve dos médicos: adesão ronda os 70% com cirurgias e consultas adiadas, segundo a Fnam

Entre as reivindicações da Fnam consta a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a actualização da grelha salarial.

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Sindicato tem concentrações agendadas no Porto, junto ao Hospital São João, em Coimbra, no Hospital Geral dos Covões, e em Lisboa, em frente ao Hospital de Santa Maria Matilde Fieschi
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A presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) exige uma "negociação séria e competente", prometendo continuar a luta para além dos dois dias de greve que tiveram início esta terça-feira, caso o "grito de alerta" não seja ouvido. Num primeiro balanço da greve geral de dois dias, que se iniciou esta terça-feira, realizado perto do final da manhã, a presidente da Fnam estimou que a adesão à greve ronda os 70%, com cirurgias e consultas canceladas em várias regiões do país.

Em simultâneo, foi também marcada uma greve às horas extraordinárias nos cuidados de saúde primários, que se irá prolongar até 31 de Agosto.

"O panorama geral é de mais ou menos 70% [até às 12h00 de terça-feira]. Há sítios com mais adesão e sítios com menos, mas ainda nos faltam alguns dados (...). É uma adesão bastante forte, o que é significativo tendo em conta a revolta que os médicos sentem", disse Joana Bordalo e Sá à agência Lusa, que contactou o Ministério da Saúde que para já não reagiu.

"Se este nosso grito de alerta não for ouvido e se o Ministério da Saúde não tiver essa razoabilidade e bom senso, a Fnam terá de continuar a lutar porque nós não desistimos de defender os 31.000 médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos quais 10.000 são internos, e sobretudo um SNS com médicos", disse a responsável umas horas antes, adiantando que a Fnam "não foi contactada pelo Governo recentemente" e acusando-o de ser "intransigente".

Nessa altura, ainda não tinha números de adesão à greve. Mas assumia expectativas "muito altas" relativamente à adesão. "Queremos arrancar com uma negociação séria, competente e que sirva a população. Há uma grande revolta na classe médica tendo em conta toda a intransigência do Governo (...). Obviamente que uma greve tem feitos que ninguém quer ver", disse Joana Bordalo e Sá, que repetiu que cabe ao Governo decidir "se quer finalmente negociar de forma séria ou se quer ter um SNS a ruir".

Impacto nas consultas e cirurgias

De acordo com os dados apurados por volta das 12h00, na região Centro, a adesão rondava os 80% nos cuidados de saúde primários, enquanto nos Hospitais Universitários de Coimbra, a Neuropediatria e a Anestesia fechou a 100%. No Hospital dos Covões, também em Coimbra, a Medicina Interna registava uma adesão de cerca de 90%.

Em declarações à Lusa, a dirigente da Fnam Carla Silva adiantou que, pelas 12h00, em Aveiro e na Figueira da Foz a adesão à greve também se situava em cerca de 75%. "É uma adesão significativa e cabe agora ao Governo interpretar e ver se isto os incomoda ou não. Daquilo que temos visto das medidas implementadas é de que não querem fortalecer o Serviço Nacional de Saúde e a saúde pública", criticou, referindo que "onde há fragilidades" a ideia da tutela passa por entregar as respostas "ao sector privado ou social".

A Norte, o bloco operatório do Hospital Padre Américo, em Penafiel, só tinha "uma sala a funcionar", disse a dirigente sindical. No Hospital de São João, no Porto, "o bloco central parou a 100% de manhã, o bloco da neurocirurgia parou em 75% e a obstetrícia a 66%". Em Viana do Castelo, o bloco central do hospital "também parou a 100% e só funcionou para cirurgias urgentes".

Segundo a Fnam, no Hospital de Braga foram fechadas nove salas em 11, o que corresponde a 82% de adesão à greve neste departamento. Enquanto no IPO do Porto "só se estão a realizar cirurgias classificadas como urgentes". No Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, a adesão no serviço de Medicina Interna é de 50%.

Mais a sul, o bloco geral do Hospital dos Capuchos, em Lisboa, regista 60% de adesão.

Entre as reivindicações da Fnam consta a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a actualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.

Durante a manhã, vários médicos estiveram concentrados no Porto, junto ao Hospital São João, em Coimbra, no Hospital Geral dos Covões, e em Lisboa, em frente ao Hospital de Santa Maria.

Nota: notícia actualizada com dados relativos à adesão à greve estimados pela Fnam.