Moradores de Belém contestam ligação automóvel na Calçada do Galvão
De acordo com os moradores, a criação de uma ligação de trânsito automóvel com a Calçada do Galvão irá obrigar a uma redução da passagem pedonal.
Moradores da freguesia lisboeta de Belém contestaram o projecto da junta para a ligação automóvel da Calçada do Galvão à Rua da Correnteza, sublinhando como riscos a perda de património histórico e a eliminação de espaço verde. "Caso este projecto se venha a consubstanciar, as perdas para a vivência deste bairro são grandes: perda de património histórico, perigo para os peões, eliminação de espaço verde e aumento substancial de ruído", afirmou Cristina Castel-Branco, em representação de moradores que contestam a proposta da Junta de Freguesia de Belém.
A munícipe falava na reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa, no período de intervenção aberto ao público, apresentando a contestação à ligação automóvel da Calçada do Galvão à Rua da Correnteza. Cristina Castel-Branco indicou que a intervenção proposta pela Junta de Freguesia de Belém, presidida por Fernando Ribeiro Rosa (PSD), põe em causa "um bairro histórico envolvente da Igreja da Memória e que constitui o Largo do Chafariz, em Belém".
"A Junta de Freguesia de Belém instalou-se recentemente na Rua da Correnteza n.º 9, em local onde existe uma área pedonal que liga os prédios modernos e respectivo estacionamento ao Largo do Chafariz, este projectado pelo arquitecto Possidónio da Silva em 1850", referiu a moradora, explicando que o projecto pretende tornar mais prático o acesso às instalações da junta.
A proposta da junta, segundo a representante dos moradores, passa por "um projecto de ampliação de acesso automóvel", com entrada pela Rua do Galvão, atravessando no meio dos prédios históricos, agora todos eles restaurados, para poder fazer ligação ao estacionamento na continuação da Rua da Correnteza.
De acordo com os moradores, a criação de uma ligação de trânsito automóvel com a Calçada do Galvão irá obrigar a uma redução da passagem pedonal, "num local que tem já 4,4 metros, portanto sem espaço para faixa de rodagem e dois passeios", bem como à remoção do espaço verde pedonal no Largo do Chafariz, em cerca de 20% da sua área, o que vai "aumentar o ruído, a insegurança e o desconforto".
Segundo a munícipe Cristina Castel-Branco, os moradores pretendem "preservar uma área que já de si é uma Zona Especial de Protecção da Igreja da Memória (1960), classificada como Monumento Nacional (1923)". Os contestatários do projecto da Junta de Freguesia de Belém querem salvaguardar "o carácter patrimonial do bairro, a originalidade dos edifícios oitocentistas, o conforto e segurança dos utilizadores, a arborização dos anos 60, o espaço verde de grande utilização como estadia e passagem pedonal, e o chafariz como património do século XIX".
Defendendo o ambiente, conforto e segurança do bairro, os moradores realçam que "toda esta área antiga em calçada tem um ambiente verdadeiramente histórico", é pedonal e permite aos cidadãos o acesso à Calçada do Galvão e ao jardim que rodeia a Igreja da Memória, onde passam centenas de utilizadores todos os dias. Cristina Castel-Branco sublinhou que o espaço onde se pretende intervir é "uma área de sombra, rodeada de fachadas antigas, agora todas restauradas, onde se desfruta uma visão única da Igreja da Memória".