Sociedade civil, artistas, arquitetos vão discutir habitação numa “Revolução Assim”

Vai-se discutir “o que falta cumprir no direito à habitação” e fazer “uma reflexão colectiva [sobre o sector] e as novas formas possíveis de habitar e viver em sociedade”.

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Festival aborda exemplos de cidades sob grande pressão especulativa Manuel Roberto
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O festival "Uma Revolução Assim - Luta e Ficção: a Questão da Habitação", do Goethe-Institut e da Culturgest, vai decorrer em Lisboa, de 25 de Setembro a 06 de Outubro, para abordar "a grave crise" do sector.

Artistas, arquitectos, ensaístas, investigadores, organizações da sociedade civil vão reunir-se em conversas abertas à hora do almoço, debates e "performances sobre a questão de habitar", para discutir "o que falta cumprir no direito à habitação", fazer "uma reflexão colectiva [sobre o sector] e as novas formas possíveis de habitar e viver em sociedade", e estabelecer "um diálogo sobre o tipo de sociedade que queremos construir", como indica o site da iniciativa promovida pelo Goethe-Institut e a Culturgest, em parceria com o Institut Français du Portugal.

A instalação "Uma Revolução", "palco ambulante que se transforma em parlamento, uma estação de rádio, cinema ao ar livre, cozinha ou sala de estar", acolhe conversas à hora de almoço, debates e gravação de podcasts, expandindo a cobertura do festival através da Grande Lisboa, que também aborda exemplos de cidades sob grande pressão especulativa, como Barcelona, Berlim e Paris.

"A grave crise da habitação leva-nos para a rua", lê-se no site do festival. "Cada vez menos pessoas têm acesso a habitação a preços acessíveis. Simultaneamente, as constelações, rituais e dinâmicas sociais estão a mudar rapidamente. O que falta cumprir no direito à habitação?", lê-se na apresentação.

Durante os dias do festival serão lançados "olhares distintos que relacionam a questão do direito à habitação ao habitar" e ao que "precisamos para projectar as visões de futuro para a habitação".

Cinco grande áreas de debate surgem no programa: "Parte I - Luta, Coragem, Experimentação, Empatia, Violência"; "Parte II: Habitar, Crítica, Constelações, Legislação, Convívio"; "Parte III: Direitos, Contratos, Ficção, Medo, Protesto"; "Parte IV: Amor, Solidão, Idade, Família Alargada, Inteligência" e "Parte V: Identidade, Indiferença, Cuidar, Diálogo, Democracia".

O festival inclui ainda a estreia mundial do vídeo ensaio "Uma Revolução Assim", sobre a questão da habitação em Portugal, realizado pelo vídeo-artista Nuno Cera, em colaboração com o arquitecto Tiago Mota Saraiva.

Será também cumprido o programa "Passa cá em Casa", com 12 intervenções artísticas em casas privadas, "que vêm contribuir para o debate sobre a crise da habitação através do teatro, dança, música, entre outros géneros" de expressão artística.

"Uma Revolução Assim - Luta e Ficção: a Questão da Habitação" tem curadoria de Julia Albani, historiadora de arte e de arquitectura, e consultoria curatorial da arquitecta Ana Jara, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, do fotógrafo e vídeo artista Nuno Cera e do arquitecto Tiago Mota Saraiva.

Na abertura do festival, em 25 de Setembro, "Julia Albani apresentará os temas, os protagonistas, os formatos e o programa do festival", numa sessão seguida de reflexão sobre a "Questão da Habitação", pelo designer, curador e escritor Jesko Fezer, de Berlim.

O programa do primeiro dia prevê ainda o lançamento do segundo número da revista Justo Custo, dedicado à crise da habitação, com participação dos editores Eléonore Labattut e Simon Deprez, em "conversa aberta e debate" entre os participantes do festival e o público.