O designer Peter Hawkings estreou-se na direcção criativa da Tom Ford há pouco mais de um ano e já está de saída. A notícia é avançada nesta segunda-feira pela Estée Lauder, a quem o criador norte-americano vendeu a marca epónima em 2022. Hawking tinha sucedido a Ford em Abril do ano passado, quando o fundador se retirou e ainda não há sucessão.
“Gostaria de expressar a minha gratidão ao Peter pelas suas contribuições excepcionais para a Tom Ford desde o início”, declarou o presidente do segmento de luxo da Estée Lauder, Guillaume Jesel. O CEO da Tom Ford, Lelio Gavazza, também agradeceu o apoio de Hawkings e da sua equipa na “fase inicial de desenvolvimento” da marca desde que foi integrada no grupo Ermenegildo Zegna (que ficou com a licença de produção da linha de vestuário durante os próximos dez anos). “Desejo-lhe o melhor para o seu próximo capítulo”, reforçou.
Apesar de ainda não ter revelado detalhes sobre o futuro, a empresa garantiu que haverá apresentação da colecção de Primavera/Verão 2025 durante a Semana da Moda de Milão, em Setembro. O sucessor será anunciado “em breve”, promete, citada pelo Business of Fashion.
Foi precisamente em Milão que Peter Hawkings se tinha estreado a solo na Tom Ford, apesar de não ser de todo um estranho na etiqueta. O criador britânico começou a trabalhar com Ford na Gucci em 1998 como assistente de design masculino. Em 2006, trocou a casa italiana pela marca própria de Tom Ford, fundada em 2005, e ficou responsável pelas colecções masculinas, incluindo acessórios e calçado. E foi subindo até se tornar o vice-presidente de moda masculina da marca.
Terá sido o próprio Tom Ford a escolhê-lo para o suceder elogiando Hawkings como “um líder incrivelmente talentoso com uma enorme experiência no sector”.
Mas as colecções com assinatura de Hawkings, descritas como uma sucessão demasiado óbvia para Tom Ford e sem qualquer novidade, não foram suficientes para impressionar a gestão da Zegna. Até porque o presidente do grupo, Gildo Zegna, tem insistido que quer posicionar a Tom Ford entre as dez marcas de moda mais famosas do mundo e para isso trouxe o novo CEO, Lelio Gavazza, da LVMH, onde era vice-presidente da Bulgari.
No final do ano passado, Tom Ford, um dos mais aclamados criadores da sua geração, afastou-se definitivamente da empresa que fundou e vendeu por 2,8 mil milhões de dólares (2,57 mil milhões de euros). A Zegna já era responsável por distribuir a linha de moda do norte-americano, mas, com a venda, acumulou também os acessórios, a joalharia, as linhas de crianças e os têxteis para casa.
O negócio foi suficiente para duplicar os lucros do grupo Ermenegildo Zegna, que registou 135,7 milhões de euros de vendas em 2023, em comparação com 65,3 milhões de 2022, com receitas que aumentaram 27,6% para 1,9 mil milhões de euros. A Tom Ford gerou receitas na ordem dos 235,5 milhões de euros.
A saída de Peter Hawkings enquadra-se numa estratégia de direccionar a marca para a linha feminina, o que poderá significar a contratação de um criador mais focado nas mulheres ─ Hawkings sempre foi especializado em moda masculino. Para já, o designer não reagiu à notícia, tal como Tom Ford, que se mantém em silêncio.
Entre as possibilidades em aberto no mercado estão o italiano Pierpaolo Piccioli (ex-Valentino), Sarah Burton (ex-Alexander McQueen) ou mesmo Virginie Viard (ex-Chanel). Têm sido meses agitados na indústria numa azáfama de contratações e despedimentos. A Chanel continua sem director criativo e é provável que a colecção da Semana da Moda de Paris, no início de Outubro, seja assinada apenas pela equipa de design interno.