PSP nega aumento de criminalidade violenta em Ramalde, no Porto, e na Baixa de Lisboa

PSP diz que haver mais polícias nas ruas não transmite necessariamente uma sensação de segurança e que até pode ter o efeito contrário.

Foto
Moradores queixam-se de um aumento de insegurança nas duas maiores cidades do país Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
03:46

A PSP negou este domingo o aumento da criminalidade violenta e grave nas freguesias de Santa Maria Maior, em Lisboa, e de Ramalde, no Porto, após queixas de insegurança por parte dos moradores e autarcas.

Numa nota, a PSP realçou que, segundo a análise dos dados estatísticos que tem, na freguesia de Ramalde existiu, "de facto, um aumento da criminalidade geral", mas "a criminalidade violenta e grave diminuiu, o que importa sublinhar publicamente". Por outro lado, na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, "tanto a criminalidade geral como a criminalidade violenta e grave diminuíram, comparando com o período homólogo do ano transacto", acrescentou.

A PSP, a autoridade competente para policiamento em Lisboa e no Porto, assegurou que analisa, "diariamente, os indicadores estatísticos na sua área de responsabilidade" para "orientar os seus recursos de acordo com as áreas mais afectadas por determinados tipos de fenómenos criminais". Na nota, a PSP assegurou ainda que "tem consecutivamente, sempre que possível e com o balanceamento de meios, incrementado o policiamento nas cidades de Lisboa e do Porto, e em concreto nestas duas freguesias".

"É também importante esclarecer que o sentimento de segurança não se obtém exclusivamente com mais polícias na rua, sabendo-se que a presença sistemática de policiamento ostensivo pode ser avaliado, em termos de sentimento de segurança, de forma contrária - se há polícia é porque há insegurança", informa a nota.

A PSP defendeu ainda que "é também importante detectar, analisar e intervir junto de diferentes problemas socioculturais e económicos existentes nestes e noutros territórios, procurando responder de forma integrada e permanente nas diferentes fragilidades locais", realçando que contam "com o apoio de todas as entidades com responsabilidade" nestas matérias.

Na sexta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), manifestou-se preocupado com a insegurança na freguesia de Santa Maria Maior e defendeu um reforço do policiamento, em entrevista à rádio Renascença. Carlos Moedas reagia às queixas relatadas por dezenas de moradores da freguesia de Santa Maria Maior, durante uma sessão promovida pelo presidente da junta, Miguel Coelho (PS) na quinta-feira, no Martim Moniz.

Assaltos a viaturas e a lojas, consumo de droga em plena luz do dia e agressões físicas foram algumas das situações relatadas pelos moradores de Santa Maria Maior. Na entrevista à Renascença, Carlos Moedas admitiu que a criminalidade tem vindo a aumentar e mostrou-se disponível para encontrar soluções que ajudem a mitigar o problema, instando também o Governo. O autarca adiantou ainda que vai disponibilizar um edifício para acolher uma esquadra da PSP, na Praça da Alegria.

Videovigilância no Porto

No Porto, o presidente da Câmara, Rui Moreira, revelou que a adjudicação do contrato para a instalação de mais 117 câmaras de videovigilância na zona ocidental e oriental da cidade está suspensa por faltar um parecer da Comissão Nacional da Protecção de Dados (CNPD).

As novas 117 câmaras de videovigilância vão ser instaladas na zona ocidental e oriental da cidade, nomeadamente em arruamentos na zona da Asprela, Campanhã, Estádio do Dragão, Pasteleira e Diogo Botelho.

Segundo o autarca, está a ser equacionado o alargamento do primeiro sistema instalado no centro histórico, e composto por 79 câmaras, para a Rua do Loureiro e a Rua Chã, junto à estação de S. Bento, porque lojistas da comunidade do Bangladesh têm referido "que tem havido ali um conjunto de assaltos".

Simultaneamente, Rui Moreira disse estar disponível para avançar com uma terceira fase do sistema de videovigilância, a instalar na zona de Ramalde, a segunda maior freguesia do Porto, mas para isso "é necessário o diagnóstico da PSP da perigosidade da criminalidade associada ao território".

Este sistema de videovigilância entrou em funcionamento em 22 de junho de 2023 e já permitiu preservar imagens relativas a 910 processos-crime, a maioria das quais (592) ocorridas este ano.