A casa da porta verde

No primeiro fim-de-semana em que o Pedro e o João foram com o pai após a separação, deitei-me no sofá na sexta ao fim da tarde e só voltei a sair de lá uma hora antes de eles regressarem, no domingo.

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Hoje, quando saí do trabalho, fiz o caminho para casa com a mesma urgência de sempre. Mas quando abri a porta pintada de verde, fui recebida pelo silêncio. A minha sala, impecavelmente arrumada e a cheirar a detergente, recebeu-me de forma asséptica. Não encontrei peças de roupa espalhadas pelo chão do corredor, não vi sapatos pequenos atrás da porta e o lavatório da casa de banho brilhava sem um único vestígio de pasta de dentes. O apelo para entrar no quarto deles foi irresistível. Mas as duas camas, com os cantos dobrados a rigor e as colchas decoradas com motivos da selva bem esticadas, pareceram aumentar a minha sensação de vazio. Nada de canetas de feltro perdidas da tampa ou aparas de lápis de cor na secretária. Uma casa inteira a gritar ausência.

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