A casa da porta verde

No primeiro fim-de-semana em que o Pedro e o João foram com o pai após a separação, deitei-me no sofá na sexta ao fim da tarde e só voltei a sair de lá uma hora antes de eles regressarem, no domingo.

Ouça este artigo
00:00
06:29

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Hoje, quando saí do trabalho, fiz o caminho para casa com a mesma urgência de sempre. Mas quando abri a porta pintada de verde, fui recebida pelo silêncio. A minha sala, impecavelmente arrumada e a cheirar a detergente, recebeu-me de forma asséptica. Não encontrei peças de roupa espalhadas pelo chão do corredor, não vi sapatos pequenos atrás da porta e o lavatório da casa de banho brilhava sem um único vestígio de pasta de dentes. O apelo para entrar no quarto deles foi irresistível. Mas as duas camas, com os cantos dobrados a rigor e as colchas decoradas com motivos da selva bem esticadas, pareceram aumentar a minha sensação de vazio. Nada de canetas de feltro perdidas da tampa ou aparas de lápis de cor na secretária. Uma casa inteira a gritar ausência.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.