Portugal quer conseguir em Paris 2024 o mesmo número de medalhas de Tóquio 2020
Nos anteriores Jogos Olímpicos, os atletas portugueses foram por quatro vezes ao pódio.
A Missão portuguesa parte para Paris 2024 com o "peso" de igualar ou melhorar os resultados de Tóquio 2020, depois de quase todos os objectivos prévios inscritos no contrato-programa com o Governo terem sido alcançados.
Depois das inéditas quatro medalhas conquistadas na capital japonesa - o ouro de Pedro Pichardo no triplo salto, disciplina em que Patrícia Mamona alcançou a prata, e os bronzes do judoca Jorge Fonseca (-100kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1000 metros) -, dos 11 diplomas, e da melhor pontuação de sempre em Jogos Olímpicos (78 pontos, atribuídos aos atletas classificados entre o primeiro e o oitavo lugares, mais 27 do que em Atenas 2004), "ninguém está preparado para ter menos" em Paris 2024, avisou o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) ainda em Dezembro de 2021.
"Se tivemos um determinado número de posições de pódio, a expectativa dos portugueses é que não fique aquém. Porque se ficar aquém, isso é entendido como um objectivo não atingido. Nós tivemos quer pelas posições de pódio, quer pelas posições de finalistas, quer pelas posições até ao 16.º lugar, a melhor participação olímpica das diferentes missões desportivas nacionais. Não podemos encarar a participação em Paris tendo como objectivo ficar aquém do alcançado", insistiu no primeiro "balanço" público depois do histórico desempenho na capital japonesa.
As metas a que o COP se propôs, e que foram plasmadas no contrato-programa assinado com o Governo em 14 de Outubro de 2022, perspectivavam uma melhoria não apenas "do ponto de vista dos resultados" mas também na diversificação da representação.
"Precisamos de ter as modalidades que já tivemos, espero que haja outras modalidades que consigam alcançar resultados de apuramento olímpico e que possamos ter uma Missão com mais modalidades, com níveis competitivos mais elevados, e que os resultados finais se traduzam numa melhoria relativamente à situação que alcançámos", antecipou José Manuel Constantino há mais de dois anos e meio.
Inscritos no contrato-programa, esses objectivos para Paris 2024 consistem em classificações não inferiores a quatro posições de pódio, 15 diplomas, 57 pontos entre os oito primeiros, 36 classificações entre os 16 primeiros, a presença em 66 eventos de medalhas distribuídos "de forma equitativa em termos de género", em 17 modalidades.
Para já, apenas o último não foi alcançado, com Portugal a estar representado nos Jogos Olímpicos, que decorrem entre sexta-feira e 11 de Agosto, em 15 desportos, incluindo o breaking, em estreia no programa olímpico.
Com uma delegação de 73 atletas, a mais pequena desde Sydney 2000, mas também a primeira com as mulheres em maioria (são 37), Portugal "sofreu" com as alterações promovidas pelo Comité Olímpico Internacional nos critérios de apuramento - há uma redução de cerca de 6% no número global de atletas, consequência também da diminuição do número de eventos -, mas também dos "fracassos" do andebol e do futebol, que surpreendentemente falharam a qualificação para Paris 2024.
As lesões, num país com "uma elite desportiva muito pequena", facto para o qual José Manuel Constantino foi alertando ao longo do ciclo olímpico, também privaram a Missão lusa de duas medalhadas olímpicas, Patrícia Mamona e a judoca Telma Monteiro (bronze no Rio 2016), e de uma potencial medalhada, Auriol Dongmo, quarta no lançamento do peso em Tóquio 2020, e que, ao contrário das outras duas, tinha o apuramento garantido mas lesionou-se.
Ainda assim, Portugal estará nos próximos Jogos com "uma missão olímpica mais pequena, mas mais qualificada do ponto de vista desportivo", na opinião de Constantino, sobretudo depois de um ciclo em que o país teve "resultados de topo", nomeadamente os títulos mundiais dos canoístas Fernando Pimenta (K1 1.000), João Ribeiro e Messias Baptista (K2 500), do ciclista Iúri Leitão (omnium), e do nadador Diogo Ribeiro (100 mariposa), com a também nadadora Camila Rebelo (200 costas) e atiradora Maria Inês Barros (fosso olímpico) a serem campeãs europeias.
A estes nomes na lista de possíveis medalhados juntam-se os inevitáveis Pichardo e Jorge Fonseca, Liliana Cá, quinta no lançamento do disco em Tóquio 2020, o skater Gustavo Ribeiro, ou Yolanda Hopkins, a surfista que foi quinta nos anteriores Jogos.