Coppola, Grateful Dead e Apollo Theater entre os homenageados do Centro Kennedy

O Apollo, um teatro histórico no bairro do Harlem, em Nova Iorque, a celebrar os 90 anos, é a primeira organização a ser reconhecida pelo centro, que normalmente homenageia indivíduos ou grupos.

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“Fiquei surpreendido (...) porque durante anos felicitei os meus colegas mais novos [pela honra]”, disse Coppola VINCENT WEST/REUTERS/arquivo
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O cineasta Francis Ford Coppola, a banda de rock Grateful Dead, a cantora e compositora de blues rock Bonnie Raitt, o trompetista de jazz, pianista e compositor Arturo Sandoval e o Teatro Apollo serão homenageados nos prémios do Centro John F. Kennedy deste ano, anunciou o centro nesta quinta-feira.

O Apollo, um teatro histórico no bairro do Harlem, em Nova Iorque, é a primeira organização a ser reconhecida pelo centro, que normalmente homenageia artistas individuais ou grupos nos seus prémios para realizações ao longo da vida nas artes.

O local, conhecido por ter estreado artistas negros icónicos como Ella Fitzgerald e Billie Holiday, celebra este ano o seu 90º aniversário.

“O Apollo guiou-nos e guiou o mundo para a frente, descobrindo e alimentando o talento bruto, moldando uma identidade cultural única que define a cultura americana ainda hoje”, disse a presidente do Centro Kennedy, Deborah F. Rutter, no anúncio, noticiado pela Reuters. No entanto, a distinção “certamente não era esperada”, admitiu a presidente e directora executiva da Apollo, Michelle Ebanks, citada pelo The Washington Post. “Os artistas recebem este prémio. Mas o Apollo é um palco icónico para os artistas.”

A presidente do Kennedy Center, Deborah F. Rutter, explicou que, por regra, não há um tema para a selecção dos homenageados, mas que muitas vezes surge um tema de forma orgânica. Este ano, esse tema acidental é “um reflexo da cultura americana através da sua música e da forma como a música é utilizada para criar a cultura americana”, referiu, apontando os Grateful Dead como uma instituição cultural, o Apollo como uma fábrica de músicos e a utilização da música nos filmes de Coppola.

Mas o realizador também não estava à espera: “Fiquei surpreendido. Achei que quem toma a decisão deve ter mudado ou algo do género, porque durante anos felicitei os meus colegas mais novos [pela honra]”, disse Coppola, lançando uma alfinetada ao facto de ser apenas reconhecido agora, aos 85 anos.

Bob Weir, conta o The Washington Post, não se mostra entusiasmado com a perspectiva de ser o centro das atenções: “Se me dessem a escolher, provavelmente evitaria a cerimónia e apareceria na Casa Branca para receber a honra.” O vocalista dos Grateful Dead, banda fundada em 1965, que ainda hoje detém o recorde mundial de maior número de concertos (2318), conta, porém, marcar presença no espectáculo, até porque, explicou, “a minha musa sempre foi a tradição musical americana”, numa alusão ao tema do ano.

Vão ser ainda homenageados a guitarrista e compositora de rock-blues Bonnie Raitt, 74 anos, 13 Grammys e nas listas dos “100 maiores guitarristas de todos os tempos” e dos “100 maiores cantores de todos os tempos” da Rolling Stone; e Arturo Sandoval, 74 anos, considerado um dos maiores trompetistas e compositores do mundo e que acumula dez Grammys, seis Billboard, um Emmy e até a Medalha Presidencial da Liberdade.

A 47.ª gala anual do Kennedy Center Honors está agendada para 8 de Dezembro, na Opera House, em Washington, e, como habitual, estará repleta de convidados famosos, estando ainda por decidir se o evento contará com um apresentador. E, em ano de eleições, também não foi revelado se estarão na cerimónia o Presidente dos EUA e a primeira-dama.

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