O Bando celebra 50 anos de teatro e de Abril com Liberalinda no Museu do Teatro e da Dança

A produção teatral reúne um conjunto de acções que recupera alguns momentos do meio século de actividade do grupo com sede em Palmela.

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O encenador João Brites, fundador e director do grupo de teatro O Bando Miguel Manso
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O Teatro O Bando apresenta o espectáculo Liberalinda, com que celebra 50 anos de actividade, no sábado e no domingo, no Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa, anunciou o colectivo dirigido por João Brites.

Liberalinda celebra "50 anos de existência de um grupo que nasce sob a égide de um Abril há muito desejado e sonhado e pelo qual tantas e tantos lutam" e de um grupo que em cinco décadas "não parou de pensar Abril", lê-se no texto da companhia de apresentação do espectáculo.

A produção reúne um conjunto de acções que recupera alguns desses momentos do último meio século redesenhando-os numa abordagem em que "o teatro é protagonista numa salutar convivência com a música, o cinema, a escultura e a instalação", acrescenta a companhia com sede em Vale de Barris, Palmela.

A partir do texto Memórias de uma tia tonta, de Natália Correia, que esteve na base da peça O Crucificado (2009), O Bando pretende procurar Abril em territórios fora do palco mais expectável, nomeadamente ao ar livre, onde suspende figurinos, ou num foyer do teatro ou no museu, onde se assiste a um documentário, por exemplo.

Em Liberalinda encontramos ainda personagens de outros espectáculo d'O Bando, como Zé Povinho, interpretado por Antónia Terrinha Em duelo (1986), ou o polícia Zacarias, a que o actor João Neca deu corpo em Do contra (2015).

O xilofone de grandes dimensões construído para o espectáculo Liberdade (1994), criado a partir de poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen, na comemoração dos 20 anos do 25 de Abril, acompanha o percurso teatral até à canção final de autoria de José Mário Branco sobre um poema de Natália Correia Queixa das almas jovens censuradas.

Liberalinda é também o nome da exposição que acolhe o documentário oKupação e as instalações madruGada e travessia, que ficarão patentes no Museu Nacional do Teatro e da Dança até 22 de Setembro.

oKupação é um documentário realizado por Rui Simões a partir da ocupação teatral da redacção da TSF quando, em 24 de Abril de 2014, fez parte das comemorações de 40 anos da revolução e do Teatro O Bando.

madruGada é uma estrutura cenográfica penetrável que resulta da instalação escultórica de um vitral de grandes slides alusivos aos 48 anos que durou e ditadura, elaborada quando da celebração dos 25 anos do 25 de Abril. Na altura a companhia apresentou, no Terreiro do Paço, em Lisboa, o evento teatral Madrugada, em que participaram centenas de pessoas e em que as imagens contidas foram projectadas nas paredes dos edifícios.

Por seu lado, travessia é uma cenografia concebida para acolher 26 figurinos que marcam o longo percurso do grupo, agora suspensos ao ar livre em picotas que os elevam, numa homenagem às figurinistas e a muitas das actrizes e actores "que marcaram de forma indelével a história d'O Bando".

O espectáculo Liberalinda é apresentado no fim-de-semana pelas 21h, e repetirá entre 20 e 22 de Setembro, à mesma hora.