Morreu Bob Newhart, nome maior da comédia norte-americana

Caracterizava-o o estilo sarcástico, aparentemente não intencional, e inexpressivo como interpretava o texto cómico. Ganhou vários prémios, desde Grammys e Emmys até ao mais recente Globo de Ouro.

Foto
Bob Newhart com um Emmy em 2013 Jonathan Alcorn / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:29

Bob Newhart, figura maior da comédia nos Estados Unidos, morreu esta quinta-feira em Los Angeles. O actor e comediante, protagonista das sitcoms The Bob Newhart Show e Newhart tinha 94 anos.

Foi a stand-up comedy que lhe lançou a carreira. Em 1960, chegou ao primeiro lugar da tabela de álbuns pop da Billboard com The Button-Down Mind of Bob Newhart, uma colectânea de actuações que rapidamente se tornou num bestseller e permanece como marco do humor norte-americano. Vendeu 750 mil cópias e, nesse ano, venceu o Grammy na categoria Álbum do Ano.

“Quando comecei a fazer stand-up, lembro-me apenas do som das gargalhadas”, disse Newhart. “É um dos sons maravilhosos do mundo.”

Caracterizava-o o estilo sarcástico, aparentemente não intencional, e inexpressivo como interpretava o texto cómico e também por isso se destacava de outros comediantes da mesma altura, que tinham uma interpretação mais agressiva. Newhart tinha apenas um acessório em palco: um telefone, que servia para simular conversas com alguém do outro lado da linha.

Depois dos palcos, migrou para a televisão, onde foi estrela de The Bob Newhart Show (1972-1978) e Newhart (1982-1990). O final de Newhart ficou marcado na memória dos fãs da série: na última cena, acorda na cama com a sua mulher em The Bob Newhart Show, depois de ter “sonhado” a sua vida na segunda série. O objectivo era parodiar uma cena da famosa série Dallas em que uma das personagens centrais aparentemente tinha morrido, até ter sido revelado que a morte tinha sido um sonho.

Mais recentemente, apareceu em alguns episódios da série A Teoria do Big Bang e Young Sheldon, nas quais interpreta o professor Proton (Arthur Jeffries), um antigo apresentador de um programa de ciência na televisão que se transforma em animador de festas infantis, papel que lhe valeu o primeiro Emmy da carreira. Participou ainda nos filmes In and Out (1997), Legalmente Loira 2 (2003), Elf (2003) e Chefes Intragáveis (2011).

Antes da comédia, Newhart era contabilista em Chicago. “Provavelmente, o melhor conselho que recebi na minha vida foi do chefe do departamento de contabilidade, o Sr. Hutchinson, creio que da Glidden Company em Chicago, que me disse: 'Não foste feito para a contabilidade'”, contou numa entrevista.

Ainda nesse trabalho, para passar tempo, começou a gravar conversas ao telefone com um colega (aqui começou a ideia de usar um telefone nas actuações) e tentava vendê-las a estações de rádio. Não teve muito sucesso, mas os discos chegaram às mãos da Warner Bros, que passou a representá-lo e inscreveu-o numa noite de comédia em Houston, onde tudo começou.

“Eu não fazia parte de uma cabala cómica”, escreveu Newhart nas suas memórias. “Mike (Nichols) e Elaine (May), Shelley (Berman), Lenny Bruce, Johnny Winters, Mort Sahl — não nos juntámos todos e dissemos: 'Vamos mudar a comédia e torná-la mais lenta'. Era apenas a nossa forma de fazer humor. Os miúdos da faculdade ouviam piadas sobre sogras e diziam: 'Mas que raio é uma sogra?' O que fazíamos reflectia as nossas vidas e estava relacionado com as deles.”

Bob Newhart nasceu em Chicago a 5 de Agosto de 1929 e frequentou o liceu St. Ignatius e a Universidade Loyola, na cidade onde nasceu. Em 1964, casou com Virginia Quinn, e permaneceu com ela até à sua morte, em 2023. Deixa quatro filhos: Robert, Timothy, Jennifer e Courtney.

Sugerir correcção
Comentar