Gareth Southgate abandona cargo de seleccionador de Inglaterra

Treinador do vice-campeão da Europa põe fim a um ciclo de oito anos, com 102 jogos e prestações positivas em quatro grandes torneios internacionais.

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Gareth Southgate recolocou Inglaterra nas fases mais adiantadas dos grandes torneios Lee Smith / REUTERS
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Oito anos depois, Gareth Southgate está de saída do comando técnico da selecção de Inglaterra. O seleccionador que conduziu os britânicos a duas finais consecutivas do Campeonato da Europa (e perdeu ambas) abandonou o cargo nesta terça-feira, justificando a decisão com a necessidade de uma mudança de ciclo.

"Como um cidadão inglês orgulhoso, foi a honra de uma vida ter jogado e treinado a selecção de Inglaterra. Significou tudo para mim e dei tudo o que tinha. Mas é tempo de mudar e de um novo capítulo. O jogo de domingo com a Espanha foi o meu último como seleccionador de Inglaterra", afirmou, citado pela imprensa inglesa.

No passado domingo, em Berlim, Inglaterra chegou pela segunda vez consecutiva à final de um Europeu, tendo perdido com a Espanha nos instantes finais (2-1). Um desfecho que concluiu uma prestação repleta de exibições cinzentas e de vitórias improváveis.

Aos 53 anos, Gareth Southgate afasta-se do comando da selecção com 102 jogos no currículo, antecipando de certa forma uma decisão que poderia estar na calha mais para o final do ano, altura em que expirava o contrato que firmou com a Federação Inglesa de Futebol (FA).

No total, o seleccionador comandou a equipa britânica em quatro grandes torneios, já que também marcou presença nos Mundiais de 2018 e 2022, tendo atingido as meias-finais e os quartos-de-final, respectivamente. De certa forma, voltou a colocar Inglaterra no mapa das selecções mais competitivas. E este registo nos grandes torneios justifica as comparações que se fazem com Alf Ramsey, seleccionador que levou Inglaterra à conquista do Mundial 1966.

O potencial e o talento da actual geração, porém, alimentaram nos adeptos a esperança de um futebol diferente, mais atractivo, mais autoritário. E a desilusão ao longo do Euro 2024 foi subindo de tom até ao ponto em que, independentemente do apuramento na fase de grupos e da caminhada até à final, alguns espectadores chegaram a atirar-lhe copos de plástico (aconteceu no jogo com a Eslovénia, 0-0).

Antes de Southgate, Inglaterra tinha ficado pelos oitavos-de-final do Mundial de 2010, pelos quartos-de-final no Euro 2012, pela fase de grupos do Mundial 2014 e pelos oitavos-de-final do Euro 2016. Um registo que a actual equipa técnica, apesar das críticas e sobressaltos, conseguiu melhorar de forma substancial.

"A selecção que levámos à Alemanha está repleta de talento jovem e entusiasmante e eles podem ganhar o troféu com que todos sonhamos. Temos os melhores adeptos do mundo e o seu apoio significou tudo para mim. Estou ansioso por ver e por celebrar quando os jogadores criarem mais memórias especiais e inspirarem a nação, como sabemos que são capazes", acrescentou Southgate.

Com a Liga das Nações a arrancar já em Setembro, é curta a janela da FA para encontrar uma nova equipa técnica. Tem sido lançado para a discussão o nome de Eddie Howe (que se destacou no Bournemouth e é actualmente o treinador do Newcastle) como possível solução, mas a possibilidade de avançar para um técnico estrangeiro também não estará posta de parte.

"O processo de escolha do sucessor de Southgate está em curso e pretendemos ter um novo seleccionador confirmado tão depressa quanto possível. A campanha da Liga das Nações começa em breve e teremos uma solução interina se for necessário", garantiu Mark Bullingham, director executivo da FA.

No comunicado que emitiu, Bullingham reservou também palavras elogiosas para Gareth Southgate e para o legado que deixa. "Olhamos para o 'mandato' de Gareth com enorme orgulho. O seu contributo para o futebol inglês, incluindo um papel significativo no desenvolvimento do talento jovem e uma transformação cultural, foi único. Mas é o seu registo de vitórias em grandes torneios que é mais extraordinário".

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