Primeira-ministra da Estónia apresenta demissão para liderar diplomacia da UE

Kallas vai suceder a Borrell e assumir o cargo de alta-representante para a Política Externa e de Segurança da UE. Partido da líder demissionária escolhe ministro do Clima para o seu lugar.

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Kaja Kallas assumiu liderança do Governo da Estónia em 2021 Elizabeth Frantz / REUTERS
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A Presidência da Estónia anunciou esta segunda-feira que a primeira-ministra, Kaja Kallas, apresentou a demissão da chefia do Governo do país báltico ao Presidente, Alar Karis, para poder assumir o cargo de alta-representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia.

A escolha de Kallas para a liderança da diplomacia do bloco comunitário, sucedendo ao espanhol Josep Borrell, foi aprovada no final do mês passado pelos 27 chefes de Estado e de governo da UE, na mesma reunião em que também elegeram António Costa como novo presidente do Conselho Europeu e aprovaram a nomeação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para um segundo mandato.

O alto-representante é também vice-presidente da Comissão, por inerência, pelo que Kallas também terá de se submeter ao processo de audição e de votação do Parlamento Europeu sobre o colégio de comissários, agendado para depois do Verão.

Num comunicado publicado na página oficial da Presidência da Estónia, é explicado que Kallas se vai manter no cargo de primeira-ministra até à formação de um novo governo – a Reuters cita a televisão pública estónia ERR, que diz que a nova equipa deve ser confirmada no início do próximo mês.

Kallas chegou a primeira-ministra em 2021, após o colapso do Governo de Juri Ratas, tornando-se a primeira mulher a ocupar aquele cargo na Estónia. Consigo ao leme, o Partido Reformista (liberal) venceu as últimas eleições legislativas, realizadas no ano passado, e governa desde essa altura em coligação com o Partido Social-Democrata (centro-esquerda) e com o Estonia 200 (liberal).

O Partido Reformista já escolheu o ministro do Clima, Kristen Michal, para o lugar de primeiro-ministro, e terá agora de convencer os outros partidos da coligação a aceitarem essa nomeação e negociar a composição do executivo pós-Kallas.

“Gostaria de ouvir as opiniões de todos os partidos parlamentares sobre quem acreditam que pode formar uma maioria. A Estónia precisa de um governo que governe, que tome decisões que ajudem a mudar a economia [e] a garantir a segurança”, afirmou o Presidente do país, sublinhando o facto de a Rússia, vizinha da Estónia, ter “destruído o contexto de segurança [da Estónia] com a sua agressão à Ucrânia”.

Crítica da política de Defesa de Vladimir Putin e das manobras militares russas no Leste da Europa muito antes da invasão da Ucrânia – é, inclusivamente, alvo de uma acusação criminal e de um mandado de captura das autoridades russas –, Kaja Kallas deve manter o foco da política externa da UE no apoio ao Governo ucraniano.

Por causa dessa postura, Kallas aumentou e consolidou nos últimos anos um estatuto político elevado dentro Conselho Europeu, tendo até sido apontada como uma potencial sucessora de Jens Stoltenberg na chefia da NATO – Mark Rutte, ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, acabou por ser o escolhido.

Quando tomar posse, a primeira-ministra da Estónia será a primeira alta-representante para a Política Externa e de Segurança da UE que vem da família liberal europeia; o Renovar a Europa, a que pertence o Partido Reformista, é a quarta maior força no Parlamento Europeu.

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