Rótulos, com mais ou menos cola

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A selecção espanhola em acção ABEDIN TAHERKENAREH / EPA
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No futebol, há-os para todos os gostos. Favoritos, candidatos, underdogs, surpresas, desilusões, o que quiserem. E se os há antes sequer do tiro de partida, não há razão para nos vermos livres deles com a meta à vista. Esta noite, em Berlim, diante de Inglaterra, Espanha é favorita, com todas as letras no rótulo. O que não quer dizer que ria melhor no fim.

Argumentos a favor desta tese: Espanha é a selecção com a proposta de jogo mais cativante do Europeu, é a selecção com menos oscilações de rendimento, é a selecção com mais irreverência no último terço, é uma selecção que recupera dois jogadores importantes (Carvajal e Le Normand) para esta final, é uma selecção com egos que (por enquanto) cabem dentro de um balneário.

Argumentos contra esta tese: Inglaterra tem mostrado mais resistência do que o grafeno, é uma selecção que espreme o jogo até ao derradeiro segundo, é uma selecção com pouca (ou nenhuma) pressão depois da caminhada titubeante até à final, é uma selecção que faz pouco mas também permite pouco, é uma selecção que, apesar de tudo, entrará em campo como vice-campeã da Europa.

Para que possamos aplicar um pouco mais de cola no rótulo dedicado a Espanha, podemos acrescentar umas camadas de história. Nas últimas cinco edições do Europeu, atinge a final pela terceira vez – e conquistou as outras duas (1-0 à Alemanha, em 2008, e 4-0 a Itália, em 2012) – e pela quinta ocasião desde a criação do torneio – só perdeu uma, com a França, em 1984. Inglaterra, como sabemos, nunca levantou o troféu.

Isto é a máquina da lógica a funcionar. Só que o desporto de alta competição é toda uma batedeira em movimento, com salpicos de imprevisibilidade, como os que mancharam as camisolas de Portugal no Euro 2004 (frente à Grécia) ou da França no Euro 2016 (frente a Portugal) – só para citar as nódoas mais frescas. E essa pincelada de cola, dê por onde der, estará sempre ao alcance de Inglaterra.

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