Quatro pessoas terão morrido nesta madrugada a tentar atravessar o canal da Mancha num barco com migrantes destinados a chegar ao Reino Unido, informou a guarda costeira francesa.

A embarcação continha 67 pessoas e terá tombado junto da costa francesa, perto da cidade de Boulogne-sur-Mer, na região nortenha de Pas-de-Calais. A guarda costeira francesa, citada pela Reuters, disse que 63 das pessoas a bordo foram salvas na operação de resgate, que envolveu a intervenção do navio patrulha Comoran da marinha francesa, assim como um avião e três outros navios.

De acordo com o prefeito da região de Pas-de-Calais, Jacques Billant, nove das pessoas resgatadas estavam em estado crítico, sendo que só uma das pessoas a bordo tinha um colete salva-vidas e alguns outros tinham tubos de bicicleta.

"Semana após semana, observamos barcos sobrecarregados como o desta manhã, barcos de muito má qualidade: pouco insuflados, sem chão, sem coletes salva-vidas", disse Billant, tendo acrescentado que os barcos têm também "pouca potência", algo que "aumenta obviamente os riscos de avaria e de afundamento".

Estas mortes elevam o número de pessoas que não sobrevivem à passagem do canal da Mancha para 19 desde o início do ano, informa o órgão noticioso FranceInfo.

Segundo dados divulgados pelo Ministério do Interior britânico citados pela BBC na terça-feira, 14.058 pessoas fizeram a travessia marítima entre França e o Reino Unido desde o início de 2024, uma subida em relação às 12.227 pessoas que tinham chegado ao Reino Unido de Janeiro a Julho do ano passado.

Em 2023 registou-se uma forte descida em relação ao ano recorde de travessias no Canal da Mancha. Ao todo, no ano passado, 29.437 migrantes atravessaram o Canal da Mancha, tendo descido 30% face aos 45.774 que tinham atravessado em 2022, um número recorde.

No sábado passado, o primeiro-ministro Keir Starmer anunciou que tinha abandonado o plano do seu antecessor, Rishi Sunak, para deportar requerentes de asilo para o Ruanda, tendo anunciado que pretendia, no entanto, fortalecer os controlos em relação à imigração no país.

Na rede social X, a ministra do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, disse que a "a nova perda de vidas no canal da Mancha, esta manhã, é verdadeiramente terrível" e que os seus pensamentos estavam com "todas as pessoas afectadas".

"Gangues criminosos estão a obter grandes lucros a colocar vidas em risco. Estamos a acelerar a acção com parceiros internacionais para perseguir e desmantelar bandos de contrabandistas perigosos", acrescentou ainda Cooper.