Microsoft e Apple desistem dos seus lugares na administração da OpenAI

Decisão das duas empresas surge numa altura em que os reguladores da concorrência têm investigado a influência das gigantes tecnológicas em start-ups na área da inteligência artificial.

Foto
Microsoft já investiu cerca de 13 mil milhões de dólares na OpenAI Dado Ruvic / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:04

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Microsoft desistiu do seu assento não executivo no conselho de administração da Open AI, onde tinha estatuto de "observador", avançou esta quarta-feira o Financial Times (FT). De acordo com o mesmo jornal, a Microsoft terá confirmado, numa carta enviada à OpenAI, que a sua saída da administração tem “efeitos imediatos”.

A Apple também terá recuado na intenção de ocupar um lugar na administração, também sob o estatuto de "observador", da empresa que desenvolveu o ChatGPT, de acordo com o FT, que cita uma fonte anónima. Desde que se anunciara a inclusão do ChatGPT nos dispositivos da Apple, esperava-se que Phil Schiller, o chefe da App Store da Apple, passasse a ter lugar na administração da OpenAI.

As decisões das duas gigantes tecnológicas surgem numa altura em que os reguladores europeus e norte-americanos se mostram preocupados com a influência que empresas de grandes dimensões podem ter sobre start-ups de inteligência artificial (IA).

A Microsoft justificou a saída afirmando acreditar que o seu “papel limitado enquanto observador” já não será necessário, mas vários especialistas na área consideram provável que o abandono tenha sido influenciado pelo escrutínio dos reguladores.

Uma fonte da Comissão Federal do Comércio norte-americana, citada pela Reuters, considera que a saída mostra que a Microsoft teme possíveis acusações de violação das leis da concorrência e que estará a agir por antecipação.

O advogado britânico especialista em concorrência, Alex Haffner, disse ainda à CNBC que “é claro que os reguladores estão muito focados na rede complexa de inter-relações que as gigantes tecnológicas criaram com fornecedoras de IA. Daí a necessidade de a Microsoft e outras considerarem com cuidado como estruturam os acordos daqui em diante.”

O caso da OpenAI não é o único que estará a suscitar o interesse dos reguladores, escreve o The Guardian. A Comissão Federal do Comércio estará também a avaliar a relação entre a Anthropic, que criou o chatbot Claude, e a Google a Amazon, por exemplo.

A Microsoft já investiu cerca de 13 mil milhões de dólares na OpenAI, o que a torna, de acordo com o jornal britânico, na empresa que mais investiu criadora do ChatGPT.

Sugerir correcção
Comentar