BE quer diálogos à esquerda para criar programa como o que venceu em França

Mariana Mortágua quer “abrir diálogos à esquerda” em nome de um programa que apresente uma “alternativa credível”, tal como foi feito em França pela Nova Frente Popular.

Foto
Mariana Mortágua é coordenadora nacional do Bloco de Esquerda Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
02:36

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu esta segunda-feira a importância de os partidos de esquerda dialogarem entre si para apresentarem um "programa de ruptura com o passado" tal como fez a Nova Frente Popular em França.

Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em reacção aos resultados eleitorais em França, Mariana Mortágua afirmou que quem venceu as eleições francesas seguiu um programa "de igualdade, de solidariedade" e de "combate sério à extrema-direita", que tem paralelo, em Portugal, com o programa político do BE.

Mortágua sublinhou que o partido quer "abrir diálogos à esquerda" em nome de um programa que apresente uma "alternativa credível", tal como foi feito em França pela aliança de esquerda que reuniu socialistas, comunistas, ecologistas e o partido França Insubmissa e que saiu vencedora das eleições deste domingo.

A líder bloquista afirmou também que o programa político da Nova Frente Popular é um programa de esperança não só para França, como também para toda a Europa, traçando paralelismos com a situação política nacional. Para a coordenadora do BE, a frente de esquerda deu aos eleitores uma alternativa para lá do "projecto liberal, projecto do centrão, que é o projecto do PSD em Portugal, e do neofascismo, que é o projecto de Marine Le Pen, como é o projecto de André Ventura".

Mortágua afirmou que, para lá das diferenças dos sistemas eleitorais entre Portugal e França, há um padrão que liga os dois países que tem a ver com a aplicação por parte de "um centro liberal" de "um programa neoliberal de destruição das condições sociais, de degradação do Estado social e de precarização das condições laborais".

"Esse centro liberal, que é o Macron em França, que em certa medida foram as políticas liberais adoptadas pelo PS em Portugal, tem vindo a perder apoio, mas a tentar combater essa falta de apoio com a permanente política de chantagem, dizendo 'votem em nós por causa da extrema-direita'. Essa política, esse centrão, falhou. E falhou em França de forma muito acelerada", argumentou.

A líder dos bloquistas lembrou ainda o crescimento da extrema-direita em França que, apesar das "raízes diferentes da extrema-direita portuguesa", cresceu "baseada nos mesmos princípios e na exploração do mesmo ódio, na exploração da imigração, do racismo, de velhas questões que não foram resolvidas".

Na segunda volta das eleições, realizadas no domingo, a coligação de esquerda (Nova Frente Popular) alcançou entre 177 e 198 lugares na Assembleia Nacional enquanto a aliança centrista do Presidente francês, Emmanuel Macron, ficou em segundo lugar, com 152 a 169 lugares. A União Nacional, de extrema-direita, que obteve a liderança na primeira volta, ficou em terceiro lugar no domingo: entre 135 e 143 deputados.