Patriotas pela Europa: novo grupo parlamentar da direita radical reúne partidos de Le Pen, Orbán e Salvini

O novo grupo une vários partidos da direita radical no Parlamento , incluindo a União Nacional, o Fidesz, Vox e Chega. De fora, para já, fica a AfD.

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O grupo parlamentar foi oficialmente lançado numa reunião dos partidos em Bruxelas OLIVIER MATTHYS / EPA
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O Patriotas pela Europa, novo grupo parlamentar da direita radical no Parlamento Europeu, foi hoje lançado oficialmente em Bruxelas, no mesmo dia em que a União Nacional, partido da direita radical de Marine Le Pen, e a Liga, da direita radical italiana liderada por Salvini, ambos anunciaram a sua inclusão no novo grupo.

A inclusão da União Nacional (UN) e da Liga foi anunciada hoje, sendo que eram os únicos dois partidos que ainda pertenciam, no papel, ao agora extinto grupo parlamentar Identidade e Democracia. No entanto, a entrada dos dois partidos foi anunciada hoje por Jordan Bardella, presidente e eurodeputado da União Nacional e Matteo Salvini, líder da Liga.

Bardella, ainda a lamber as feridas da derrota nas eleições legislativas de domingo, será também o primeiro presidente do Patriotas pela Europa, que será o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu, com 84 eurodeputados. A primeira vice-presidente será a eurodeputada húngara do partido da direita radical húngara Fidesz, Kinga Gál.

"Como forças patrióticas, vamos trabalhar em conjunto para retomar as nossas instituições e reorientar as políticas ao serviço das nossas nações e dos nossos povos", referiu Bardella, num comunicado citado pela agência Reuters. Já o líder da Liga, Matteo Salvini, escreveu na rede social X que o novo grupo parlamentar seria "decisivo para mudar o futuro da Europa".

O eurodeputado do Chega António Tânger Corrêa será um dos segundos vice-presidentes do grupo parlamentar, depois de André Ventura ter anunciado a entrada do partido no Patriotas pela Europa no sábado, sendo o único representante português neste novo grupo.

Para além do Chega, o novo grupo inclui uma série de partidos da direita radical, absorvendo o agora extinto grupo Identidade e Democracia e incluindo partidos que não tinham grupos parlamentares definidos como o próprio Fidesz, que saiu do grupo do Partido Popular Europeu (PPE) em 2021 depois de ter sido suspenso, ou o Partido pela Liberdade, partido holandês de Geert Wilders, que não tinha elegido qualquer deputado em 2019.

O Vox, partido da direita radical espanhola liderado por Santiago Abascal que pertencia ao grupo dos Conservadores e Reformistas liderado pelo Irmãos de Itália de Georgia Meloni, também se juntou ao novo grupo parlamentar.

O anúncio da criação já tinha sido feito na semana passada, quando Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro e líder do Fidesz, Andrej Janos, primeiro-ministro checo dos populistas ANO 2011, e o líder do Partido da Liberdade da Áustria (FPO) Norbert Kickl, se juntaram para assinarem um "Manifesto Patriótico por um Futuro Europeu". Ao longo da última semana, vários partidos ligados à direita radical foram anunciando a sua entrada no grupo.

A omissão do grupo parlamentar é o Alternativa para a Alemanha (AfD) é um dos destaques da composição do novo grupo. O AfD tinha sido expulso pelo Identidade e Democracia no fim de Maio, pouco antes das eleições europeias realizadas entre 6 e 9 de Junho, devido a declarações controversas afirmando que "nem todos os que vestiam uniforme das SS eram criminosos".

Alice Weidel, co-líder do AfD, referiu na passada quinta-feira que o seu partido não se juntaria ao novo grupo parlamentar apesar de estarem "ligados pela amizade" a Orbán mas que "ambos os partidos estão sujeitos a pressões políticas e também de política externa e económica externa", algo que o partido tem de considerar primeiro.

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