No Tour, a Emirates não quis torturar já Roglic

O ciclista esloveno passou dificuldades, mas terminou o dia sem perda de tempo. A Emirates e a Visma poderiam ter deixado Roglic para trás ainda cedo na etapa, mas deixaram para outro dia.

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A equipa Emirates em acção na etapa 9 do Tour PAPON BERNARD / POOL VIA REUTERS
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Neste domingo, a etapa 9 da Volta a França teve espectáculo – e nisso cumpriu a expectativa –, mas poucas novidades na classificação – e nisso ficou um pouco aquém. Num dia desenhado para ser caótico, com muitos sectores de gravilha e terra batida, houve poeira, furos, quedas, ataques, subidas e opções tácticas relevantes. Houve, em suma, um pouco de tudo, num dia bastante divertido.

E os principais favoritos ao triunfo no Tour estiveram activos, por motivos diferentes. Pogacar e Evenepoel foram ofensivos – ainda que sem efeito prático –, enquanto Vingegaard, por problemas mecânicos, e Roglic, por má colocação e incapacidade física, passaram dificuldades na etapa. No fim do dia, todos tiveram animação e todos podem ir dormir descansados, sobretudo Roglic, que esteve várias vezes encostado às cordas e pode dar-se por contente por não ter perdido tempo.

O grande vencedor do dia foi Anthony Turgis, francês que esteve no grupo de fugitivos e foi o mais forte neste circuito ao estilo Strade Bianche (embora menos duro), corrido na zona de Troyes.

UAE não quis acabar com Roglic

No primeiro sector de gravilha do dia houve caos. Houve ciclistas a pé, com bicicleta à mão, e cortes no grupo. João Almeida, estranhamente bem posicionado para o seu padrão, estava entre os da frente. Mas Ayuso e Roglic não.

Por isso, havia decisões a tomar. A UAE poderia tentar eliminar Roglic, puxando na frente, mas iria eliminar também Ayuso. A decisão da equipa foi pensar que perder Ayuso seria pior do que manter Roglic – e não é absurda a ideia, mesmo que não seja consensual.

Possivelmente, contam que conseguirão eliminar Roglic mais à frente, na alta montanha, e que manter Ayuso bem colocado na geral, até como elemento para jogadas tácticas, será mais útil.

Mais discutível foi a opção da Visma, que poderia ter tentado tirar já Roglic da equação, podendo tirar também Ayuso. Não o fizeram.

Acabou por haver junção e a equipa seguinte a ter problemas foi a Visma, quando teve de pedir a Tratnik para dar uma bicicleta a Vingegaard – Tratnik tem apenas mais dois centímetros do que o dinamarquês e deu para “safar”.

Remco e Tadej tentaram mexer

Pogacar e Evenepoel tentaram ataques e chegou a parecer que ia haver união a três, com Vingegaard, para deixarem Roglic para trás.

Não houve, até porque Vingegaard, sempre menos dado a este tipo de ofensivas, não estava interessado – foi uma pena para quem assiste, mas fez sentido no plano táctico do dinamarquês, até por não ter a sua bicicleta.

Mais à frente voltou a haver ataque de Pogacar num sector de gravilha, com resposta imediata da Visma, por Jorgenson e Vingegaard. Mais atrás, Evenepoel “rebocava” Almeida e Ayuso e as ofensivas de Pogacar, apesar de divertidas, não foram mais do que isso. E Roglic sobreviveu.

A corrida acabou por acalmar, podendo o grupo de fugitivos manter-se na frente, com triunfo de Turgis ao sprint.

Nesta segunda-feira haverá dia de descanso, antes de uma etapa plana na terça, boa para um final em pelotão compacto.

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