Credibilidade de Portugal na NATO fragilizada por falta de investimento, dizem diplomatas

É exigido aos países da aliança que invistam pelo menos 2% no PIB em Defesa. Portugal investiu, em 2023, 1,48% e a NATO estima que, em 2024 seja o sétimo país que menos vai investir.

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O ministro da Defesa anunciou que o Governo está a estudar a construção de uma fábrica de munições e que será apresentada ao parlamento "muito em breve" PAULO CUNHA / LUSA
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Diplomatas ouvidos pela Lusa consideram que a credibilidade de Portugal dentro da NATO está fragilizada por causa da falta de investimento em Defesa, mas uma reestruturação da indústria e antecipação de objectivos poderão reverter esta tendência.

Por um lado, o país demonstrou sempre disponibilidade para participar em praticamente todas as missões do bloco político-militar e, independentemente do Governo, o alinhamento com a NATO é absoluto.

Mas Portugal desinvestiu na área da Defesa e não conseguiu acompanhar os objectivos de reinvestimento. Se há uns anos era pedido um máximo de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa (para equiparar os Estados-membros), agora os 2% são o mínimo exigido e este ano pelo menos 23 dos 32 Estados-membros já ultrapassaram essa percentagem do PIB em investimento em Defesa.

De acordo com uma estimativa feita pela NATO para 2024, Portugal deve ser o sétimo país que menos vai investir em Defesa. Um relatório sobre a previsão de despesa nesta área aponta que o país deverá investir 1,55% este ano. Em 2023, o investimento foi de 1,48%, abaixo da previsão de 1,64% apontada pelo executivo português.

Portugal só aponta para o final da década, mas o Governo que iniciou funções há menos de seis meses já está no bom caminho, reconheceram à Lusa fontes diplomáticas na NATO.

No final de Junho, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou no parlamento que o Governo tem ambição de antecipar o 2% de investimento mínimo em Defesa para 2029 (anteriormente era 2030) e que vai apresentar um "plano credível".

É um esforço para credibilizar Portugal numa altura em que o "discurso já não cola", apontaram as fontes contactadas pela agência Lusa. Os diplomatas contactados advertiram que o investimento não pode ser feito só pela perspectiva de melhorar as Forças Armadas, mas também aproveitaram o aumento da procura previsível nos próximos anos.

Fontes diplomáticas consideraram que Portugal tem de investir na sua indústria da defesa e estabelecer-se como um pólo para o fabrico de equipamentos que serão necessários e requeridos por vários países. Incentivos fiscais poderão ser um caminho para atrair investimento estrangeiro para fazer crescer a indústria da defesa em território português, apontaram.

Também no final de Junho, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, anunciou que o Governo está a estudar a construção de uma fábrica de munições e que será apresentada ao parlamento "muito em breve".

"É uma das áreas em que sabemos que a União Europeia toda, eu diria o mundo ocidental, é deficitária. A necessidade de se produzirem munições está identificada ao nível do Governo", advogou na altura o governante.

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