Já há 11 aliados da NATO a gastar mais de 2% do PIB na defesa
Stoltenberg divulgou novas estimativas sobre o esforço financeiro dos aliados, que na cimeira de Vílnius vão reforçar o compromisso de investir mais na defesa. Portugal falhará meta fixada para 2024.
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Até ao final deste ano, 11 dos 31 aliados da NATO deverão alcançar e até ultrapassar a meta dos 2% do Produto Interno Bruto em despesa militar, revelou esta sexta-feira o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, durante uma conferência de imprensa de antevisão da cimeira da NATO da próxima semana, em Vílnius, na Lituânia.
Três dias antes do arranque dos trabalhos, em Vílnius, onde os aliados vão confirmar o compromisso em aumentar o investimento na defesa que foi fixado em 2014, e concordar que o valor de referência de 2% deve passar a ser encarado como o patamar mínimo para a despesa militar, o líder da NATO divulgou novas estimativas relativamente ao esforço financeiro partilhado pelos membros europeus e o Canadá, que em 2023 cresceu 8,3% relativamente ao ano anterior.
“É o maior aumento em décadas, e o nono ano consecutivo de crescimento dos nossos gastos na defesa”, vincou Jens Stoltenberg, acrescentando, que no próximo ano, o número de aliados com despesas militares acima dos 2% do PIB deverá “aumentar substancialmente”. Na sequência do compromisso assumido pelos aliados no País de Gales, registou-se um aumento de 450 mil milhões de dólares no investimento em defesa (um valor que exclui os gastos dos Estados Unidos da América).
De acordo com as estimativas divulgadas esta sexta-feira pela NATO, a Polónia é agora o aliado que mais aumentou o seu investimento em defesa, que em 2023 representou 3,9% do PIB do país — ligeiramente acima dos 3,49% da riqueza nacional que os EUA gastam na defesa. Acima dos 3% do PIB encontra-se ainda a Grécia.
Na lista dos países que já cumprem o objectivo fixado em Gales este ano estão a Estónia (2,73%), Lituânia (2,54%), Finlândia (2,45%), Roménia (2,44%), Hungria (2,43%), Letónia (2,27%), Reino Unido (2,07%) e Eslováquia (2,03%). A França, uma das potências militares da NATO, está perto, mas abaixo da meta, com a despesa a ficar nos 1,9% do PIB.
Portugal está ainda longe de alcançar o objectivo da NATO. Na tabela dos gastos com a defesa, o país ocupa a 23.º posição, com uma despesa correspondente a 1,48% do PIB em 2023. O Governo tinha a expectativa de atingir os 1,98% do PIB no próximo ano, contando com o financiamento proveniente do orçamento comunitário. Mas as contas já foram revistas, e a perspectiva agora é que o país só consiga atingir os 2% no final desta década.
No fundo da tabela está o Luxemburgo, que dedicou 0,7% do PIB à defesa em 2023, logo seguido pela Bélgica (1,13%), Espanha (1,26%) e Turquia (1,31%). Ancara faz parte do “clube” dos países que diminuíram o seu investimento nos últimos anos, que inclui também EUA e Reino Unido.
Como argumentou Jens Stoltenberg na conferência de imprensa, o compromisso assumido pelos governos da NATO de manter ou aumentar o nível do investimento no sector da defesa reflecte a determinação dos aliados no apoio à Ucrânia e na resposta à ameaça para a segurança transatlântica representada pela Rússia. “Há 500 dias, Moscovo trouxe a morte e a destruição para o coração da Europa, numa tentativa de destruir a Ucrânia e dividir a NATO”, recordou, dizendo que a cimeira da próxima semana “enviará uma mensagem clara de que a NATO está unida e a agressão da Rússia não compensará”.
Segundo anunciou, na cimeira de Vílnius os Estados-membros vão “definir” a sua visão para o futuro da Ucrânia na NATO, endossando um “pacote com três elementos” para aproximar ainda mais o país da aliança. “Em primeiro lugar, aprovaremos um programa plurianual de assistência, para assegurar a plena interoperabilidade entre as Forças Armadas ucranianas e a NATO. Em segundo lugar, reforçaremos os nossos laços políticos, através da criação do Conselho NATO-Ucrânia. E, em terceiro lugar, reafirmaremos que a Ucrânia se tornará membro da NATO”, enumerou.
Stoltenberg não se estendeu muito nas respostas às perguntas sobre a hipótese de um convite formal à Ucrânia na próxima semana — não vai acontecer, confirmou — ou sobre as “garantias de segurança” que os aliados podem dar a Kiev quando a guerra acabar. “Quando isso acontecer, é importante já haver um enquadramento que garanta que o Presidente Putin não volta a atacar. É isso que os aliados estão a discutir”, referiu.