O novo Governo britânico tem um número recorde de mulheres
Onze dos 25 membros do executivo de Starmer são mulheres. Mas apesar do maior número de novos deputados de minorias étnicas no Parlamento, apenas três fazem parte do governo trabalhista.
Poucas horas depois de ter feito o seu primeiro discurso como primeiro-ministro do Reino Unido na sexta-feira, na sequência da vitória do Partido Trabalhista nas eleições legislativas, realizadas na véspera, Keir Starmer revelou os nomes dos membros do seu governo. Entre os 25 ministros e detentores de outros cargos de topo que fazem parte da equipa, onze são mulheres – um recorde na história da democracia britânica.
Para o cargo de vice-primeira-ministra do novo executivo foi escolhida Angela Rayner, número dois do Labour. A antiga sindicalista, natural de Stockport (Manchester) que chegou ao Parlamento em 2015, também assume a pasta da Habitação.
Para o importante cargo de ministro das Finanças, Starmer nomeou Rachel Reeves, que se torna a primeira mulher de sempre a assumir o posto de Chancellor of the Exchequer (o nome oficial do cargo de ministra das Finanças). Natural de Londres e depois de uma carreira que passou pelo Banco de Inglaterra e pelo sector privado, Reeves foi eleita deputada pela primeira vez em 2010.
No Governo trabalhista também se destacam Yvette Cooper, escolhida para a chefia do Home Office (Ministério do Interior), responsável pela imigração e pelas fronteiras, um dos temas mais debatidos da política do Reino Unido na última década; Shabana Mahmood, a nova ministra da Justiça; e Lucy Powell, que será líder da Câmara dos Comuns, uma espécie de porta-voz do Governo na câmara baixa do Parlamento britânico, com responsabilidades na gestão e implementação da agenda legislativa do partido de centro-esquerda.
A lista de mulheres do Cabinet Office (Conselho de Ministros) de Keir Starmer, que se reúne este sábado pela primeira vez, inclui ainda Louise Haigh (Transportes), Lisa Nandy (Cultura), Bridget Phillipson (Educação), Liz Kendall (Trabalho), Jo Stevens (País de Gales) e Angela Smith (líder da Câmara dos Lordes).
Mahmood e Nandy têm ascendência asiática, mas acabam por fazer parte de um grupo reduzido de representantes governamentais trabalhistas pertencentes a minorias étnicas. David Lammy, o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, é o único negro do novo executivo britânico.
Este dado diverge um pouco da nova composição da Câmara dos Comuns do Parlamento de Westminster, que, segundo o British Future, terá um número recorde de deputados de minorias étnicas quando a legislatura começar oficialmente.
O think tank britânico informa que foram eleitos 89 deputados de minorias étnicas, mais 23 do que havia na anterior legislatura, fazendo crescer para 13,7% a percentagem de membros pertencentes àquele grupo.
Nos termos dos resultados eleitorais definitivos, a Câmara dos Comuns será composta por 412 deputados trabalhistas, 121 do Partido Conservador, 72 dos Liberais Democratas, nove do Partido Nacional Escocês, sete do Sinn Féin (que recusa sentar-se no Parlamento, pois não reconhece a soberania da Coroa britânica sobre a Irlanda do Norte), cinco do Reform UK, cinco do Partido Unionista Democrático, quatro do Partido Verde, quatro do Plaid Cymru, cinco de outros quatro partidos norte-irlandeses e seis independentes – incluindo o ex-líder trabalhista, Jeremy Corbyn (2015-2020).
O novo Governo do Partido Trabalhista terá ainda Ed Miliband, antigo líder do Labour (2010-2015), como ministro da Segurança Energética; John Healey, ex-secretário de Estado nos governos de Tony Blair e de Gordon Brown, como ministro da Defesa; Pat McFadden, ex-conselheiro de Blair, como Chancellor of the Duchy of Lancaster (um cargo essencialmente administrativo, mas o segundo mais importante no Conselho de Ministros, em termos hierárquicos); e Wes Streeting como ministro da Saúde.
Os trabalhistas regressam ao poder no Reino Unido 14 anos depois com um executivo que tem o maior número de membros formados em escolas e estabelecimentos de ensino públicos. O Partido Conservador, do agora ex-primeiro-ministro Rishi Sunak – que vai, no entanto, abandonar a liderança dos tories quando o partido de centro-direita escolher um sucessor – teve o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas.