Marcha do Orgulho LGBTI em Lisboa celebra 25 anos e espera milhares de pessoas
“Apesar das forças que nos tentam ameaçar, continuaremos a ocupar o espaço público e não somos pessoas diferentes das outras em termos de direitos”, apontou Hélder Bértolo, da comissão organizadora.
A Marcha do Orgulho LGBTI sai este sábado, 6 de Julho, à rua para comemorar 25 anos e lembrar os 50 anos da publicação do Manifesto "Liberdade para as Minorias Sexuais", sendo esperadas milhares de pessoas em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, Hélder Bertolo, da comissão organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI (Lésbico, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo), salientou as reivindicações que constavam do manifesto aprovado em 13 de Maio de 1974 e que "poderiam estar resolvidas, mas ainda não estão".
"Por exemplo, dizer que as pessoas homossexuais não poderiam ser alvo de perseguição, chantagem, e nós ainda sabemos, ainda temos algumas pessoas que continuam a ser alvo de discriminação", exemplificou.
Apontou que essa discriminação deixou de estar circunscrita às pessoas homossexuais e alargou-se a todas as minorias sexuais, sejam as pessoas trans, as pessoas não binárias, intersexo, lésbicas ou bissexuais, o que leva o responsável a considerar que continuam a existir reivindicações a merecer reflexão por não estarem cumpridas.
Por outro lado, e porque os 25 anos de existência da Marcha coincidem com as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, Hélder Bertolo recordou que "não foi logo o 25 de Abril que trouxe liberdade", uma vez que "a descriminalização da homossexualidade só ocorreu oito anos depois".
"De qualquer das formas, foi um marco importantíssimo para a liberdade de expressão, para a liberdade de estarmos, para ocuparmos o espaço público", defendeu.
Destacou que essa é a razão pela qual este ano foi decidido que a Marcha voltaria a descer a Avenida da Liberdade, 25 anos depois.
"É um sinal que damos, (...) para mostrar que, apesar das forças que nos tentam ameaçar, não só com discursos de ódio, mas com acções de ódio violentas, que não nos vão voltar a enfiar no armário, que continuaremos a ocupar o espaço público e que não somos pessoas diferentes das outras em termos de direitos", apontou Hélder Bertolo.
O responsável assumiu que a expectativa é a de que milhares de pessoas se juntem na Marcha, apontando que o número de participantes tem vindo a crescer de ano para ano e que no ano passando contabilizaram cerca de 35 mil pessoas. "Estamos a contar que esse número seja possivelmente ultrapassado", admitiu.
Segundo Hélder Bertolo, por causa do elevado número de pessoas que são esperadas, haverá, pela primeira vez, duas ambulâncias a acompanhar o desfile, além de um veículo de apoio para pessoas com mobilidade reduzida ou hipersensibilidade ao ruído.
"Esperamos ter aquilo que tem acontecido nos últimos anos, que é ter uma diversidade enorme, porque é uma festa da diversidade. Ter famílias, ter cães, gatos, periquitos, ter todas as pessoas na verdade, porque as pessoas LGBTI estão no meio da sociedade, não são uma espécie à parte", defendeu. "É esse sinal de diversidade que temos de celebrar cada vez mais", acrescentou.
Hélder Bertolo lembrou também que, à semelhança dos outros anos, a Marcha termina no Terreiro do Paço, para onde este ano foi deslocada a Festa da Diversidade — um evento de luta contra o fascismo e o racismo — porque "as minorias juntas têm muita mais força".
Nesse sentido, destacou que "as pessoas também poderão passar durante o dia por todas as bancas da festa da diversidade e ouvir e ver artistas em palco".
A Marcha do Orgulho LGBTI está marcada para começar às 16h30, na Praça Marquês de Pombal, descendo depois a Avenida da Liberdade em direcção ao Rossio, para terminar no Terreiro do Paço.