Alemanha e Espanha demolidoras avançam para o sonho do tetra

Com três títulos cada, “mannschaft” e “roja” discutem quem continuará a alimentar a esperança de reclamar os céus da Europa.

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Julian Nagelsmann prepara "final antecipada" com Espanha RONALD WITTEK / EPA
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As duas maiores desilusões do Mundial do Qatar renasceram das cinzas em apenas dois anos para disputarem, esta tarde (17h, Sport TV1), o primeiro jogo de acesso às meias-finais do Campeonato da Europa.

Uma final antecipada, na perspectiva de Luis de la Fuente e Julian Nagelsmann, seleccionadores de Espanha e Alemanha, que repartem o favoritismo entre elogios e manifestações de respeito mútuo.

A equipa da casa regressa a Estugarda, onde bateu a Hungria, para um autêntico duelo de titãs entre dois dos mais sérios candidatos à sucessão dos italianos no trono europeu.

Os números das primeiras amostras do Euro 2024 não enganam e algumas exibições demolidoras ainda menos, exceptuando, talvez, o empate obtido in extremis pelos organizadores do torneio frente à Suíça, mesmo ao cair do pano da fase de grupos.

Os alemães, com o contributo decisivo da goleada sobre a Escócia (5-1) na abertura do torneio, lideram a artilharia pesada do Euro, com 10 golos. Apenas mais um do que os assinados pelos espanhóis, que, por seu lado, são os únicos a contarem por vitórias todos os jogos nesta fase final da competição... incluindo um 3-0 à Croácia (bateram, ainda, pela margem mínima, a Albânia e uma Itália “resgatada” por Donnarumma) e um 4-1 à estreante Geórgia, já nos “oitavos”.

Munique foi há 36 anos

No mais recente Mundial, com um empate (1-1) no grupo dominado pelo Japão, os espanhóis “condenaram” a “mannschaft” (eliminada na primeira fase) e prolongaram o jejum germânico no que diz respeito a duelos oficiais com a “roja”, que vai já em 36 anos — o último triunfo (descontando um amigável em 2018, em Vigo, com um golo de Toni Kroos, no último minuto, e um particular em 2000, ainda com Pep Guardiola no onze) remonta ao Euro 1988… em Munique, por 2-0.

Para que se entenda melhor, nesse Euro conquistado pelos Países Baixos na final com a União Soviética, Franz Beckenbauer era o seleccionador alemão e Zubizarreta o titular da baliza espanhola, batido com um “bis” de Völler.

Hoje, quando o árbitro apitar para o início do encontro que muitos podem considerar uma final antecipada, que decorrerá no antigo Neckarstadion (entretanto rebaptizado como Mercedes-Benz Arena), a história, como se percebe pela pequena amostra do Qatar, terá de contentar-se com um modesto lugar na bancada.

Claro que haverá momentos em que o subconsciente dos protagonistas acabará por condicionar ou animar este primeiro embate dos “quartos”, que os portugueses seguirão com redobrado interesse, já que poderá ditar o adversário dos comandados de Roberto Martínez, caso a França regresse mais cedo a casa e Portugal siga para as “meias”.

Kroos quer adiar reforma

De resto, atendendo à juventude espanhola, amplamente polemizada nos Media alemães e espanhóis, é normal que poucos caiam neste tipo de teia psicológica.

Um dos menos inexperientes, Toni Kroos — que ainda não era nascido quando a Alemanha bateu a Espanha pela última vez — sabe que este poderá ser o seu último jogo, o fim-de-linha de uma carreira inspiradora. O alemão gostaria de uma despedida com maior pompa e circunstância... de preferência em Berlim, no cada vez mais próximo dia 14, se possível com o troféu que escapa aos alemães desde 1996.

Mas, obviamente, tudo dependerá do que a Alemanha — que já experimentou grandes dificuldades frente à Dinamarca — for capaz de fazer para contrariar uma Espanha revigorada, imaculada e apenas necessitada de mais um triunfo para colocar o fiel da balança no ponto de equilíbrio perfeito, com nove vitórias, nove empates e nove derrotas no histórico entre as duas selecções.

Quem sair vitorioso deste jogo sabe que o inédito tetra estará a dois jogos de distância. Depois do primeiro título, em 1964, a Espanha foi a única selecção a conquistar dois Europeus consecutivos (2008 e 2012). O primeiro do século XXI para os “nuestros hermanos” foi carimbado em Viena, não muito longe (700 km) de Berlim, com um triunfo (1-0) sobre a Alemanha.

Agora, esta final antecipada, oferece novas sensações, algumas bem familiares, com os “merengues” Nacho, Carvajal e Joselu a reencontrarem os companheiros Rüdiger e Kroos. Nesse plano, ligeira vantagem (3-2) para os espanhóis, que em 2020 caíram nas meias-finais, ante a Itália, nos penáltis, tal como no Qatar, frente a Marrocos, nos “oitavos”.

O sonho do tetra está bem vivo para as duas selecções, mesmo que a Alemanha possa contar com o factor “casa” para chegar a Berlim.

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