Branqueamento de corais devasta recifes de Bali com o aumento da temperatura do mar

Recifes de coral ao largo de Bondalem foram branqueados em menos de 10 anos, diz ele, culpando as temperaturas mais quentes do mar desencadeadas pelas alterações climáticas.

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Peixes nadam perto de recifes de coral em recuperação após o branqueamento no final de 2023 devido ao clima extremo, na aldeia de Bondalem, em Buleleng, Bali, Indonésia Yuddy Cahya / REUTERS
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Nyoman Sugiarto, um conservacionista de 51 anos, mergulha para verificar a saúde dos corais que plantou na aldeia de Bondalem, em Buleleng, Bali, Indonésia Yuddy Cahya / REUTERS
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O conservacionista indonésio Nyoman Sugiarto trabalha há 16 anos para preservar os corais nos recifes de Bali, mas a frequência de descoloração em massa dos corais, segundo ele, é agora devastadora. Noventa por cento dos corais que Sugiarto cultivou nos recifes perto da sua aldeia em Bondalem, na costa norte de Bali, perderam a cor em Dezembro passado.

"Está tudo branco. Ficámos chocados e, claro, isso também afectou negativamente os corais que plantámos. Não são apenas os naturais", disse Sugiarto, de 51 anos, à Reuters.

Quando Sugiarto iniciou os projectos de conservação dos corais em 2008, foi-lhe dito que os corais podiam reter as algas vivas que lhes dão cor durante 10 a 20 anos. No entanto, os recifes de coral ao largo de Bondalem foram branqueados em menos de 10 anos, diz ele, culpando as temperaturas mais quentes do mar desencadeadas pelas alterações climáticas.

O branqueamento dos corais ocorre quando o coral expulsa as algas coloridas que vivem nos seus tecidos. Sem as algas, o coral torna-se pálido e vulnerável à fome, doença ou morte.

Em Abril, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) afirmou que mais de 54% das áreas de recife nos oceanos do mundo estão a sofrer stress térmico de nível de branqueamento, o quarto evento global de branqueamento nas últimas três décadas.

Impacto do El Ninõ na Indonésia

A Indonésia tem cerca de 5,1 milhões de hectares de recifes de coral e representa 18% do total mundial, segundo dados do ministério do Turismo do país.

O branqueamento de corais em Bali, no final de 2023, foi causado principalmente pelo aumento da temperatura do mar provocado pelo fenómeno El Niño que atingiu a Indonésia, disse Marthen Welly, conselheiro de conservação marinha no Coral Triangle Center. No ano passado, a Indonésia registou a estação seca mais severa desde 2019 devido ao El Niño.

Embora os corais da Indonésia sejam mais resistentes e tendam a se recuperar mais rapidamente, Marthen Welly avisa que isso não será suficiente para suportar o aumento da temperatura do oceano.

"Prevê-se que o branqueamento dos corais ocorra com mais frequência, entre um ou dois anos, com a temperatura actual", disse, citando a última investigação da Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral e do Instituto Australiano de Ciências Marinhas.

No entanto, Nyoman Sugiarto diz que está determinado a continuar a sua campanha para conservar os corais e está a defender a conservação dos corais junto dos indonésios mais jovens e a procurar fundos para criar uma comunidade de aldeia para monitorizar a pesca ilegal. "Sentimos que temos a obrigação de proteger a sustentabilidade da vida subaquática, especialmente os corais", afirmou.

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