Quantas pessoas têm 100 anos?

No futuro, segundo os especialistas, podemos esperar cada vez mais centenários nos países desenvolvidos, onde metade das crianças que hoje nascem poderá ultrapassar um século de vida.

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O país está a envelhecer e isso não é novidade. Há um mês, o PÚBLICO revelava, com base em dados do Eurostat, que Portugal ocupava o quarto lugar na lista de países da União Europeia com maior proporção de pessoas idosas. Mas não era só. A percentagem de octogenários (ou mais) também tinha quase duplicado desde o início dos anos 2000. Em 2022, chegaram aos 720 mil.

A pergunta que se seguiu foi: quantas pessoas têm 100 anos? A resposta está num artigo que publicamos nesta quinta-feira e que, mais uma vez, nos devia levar a mergulhar numa reflexão consequente sobre os desafios específicos que o envelhecimento da população nos trará no futuro.

Em 2023, havia 3149 pessoas com mais de 100 anos em Portugal — em 2011, eram quase metade (1612) e a pandemia não travou a curva ascendente. O recorde do ano passado foi registado pelo Instituto Nacional de Estatística.

Informação complementar: mais de 80% dos que já cumpriram um século são mulheres e, como seria de esperar, uma parte significativa apresenta diversos problemas de saúde e de mobilidade e precisa de cuidados especiais.

No futuro, segundo os especialistas, podemos esperar cada vez mais centenários nos países desenvolvidos, onde metade das crianças que hoje nascem poderá ultrapassar um século de vida.

A longevidade é uma notícia feliz, mas a cada vez maior probabilidade de chegar aos 100 anos obriga-nos a fazer dois exercícios melindrosos: 1) perceber como é mesmo a vida de quem chegou a uma centena de anos; e 2) imaginarmo-nos velhinhos. Onde nos vemos? Com quem? Que problemas antevemos?

Na resposta a estas questões estão contidas algumas das necessidades que temos pela frente — e que vão implicar políticas públicas à altura, tanto ao nível dos cuidados (e profissionais) de saúde, como das residências seniores ou da ocupação de tempos livres —, mas também alguns dos desafios pessoais relacionados com a planificação de uma vida que, afinal, pode ser muito mais longa do que se esperava à partida. ​

Um país que passa de 1612 centenários para 3149 em 12 anos tem de começar a olhar para as boas práticas, nacionais e internacionais. E elas existem, no Estado e fora dele. Em Portugal, num terreno doado, foi criada há 35 anos a primeira aldeia sénior, com as suas casas individuais e as suas estruturas de apoio. Chama-se São José de Alcalar e fica no Algarve. É um exemplo inspirador de um sítio para envelhecer. Há outros. E será preciso haver muitos mais antes que os portugueses com 100 anos sejam muitos, muitos mil.

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