Rússia diz ter tomado primeiro bairro em Chasiv Iar
Cidade no Donbass tem um elevado valor estratégico e é o principal alvo terrestre de Moscovo actualmente. A sua tomada pode permitir novas ofensivas na província de Donetsk.
O Exército russo disse esta quarta-feira ter assumido o controlo de um bairro na cidade de Chasiv Iar, um importante ponto estratégico na província de Donetsk e que é actualmente o principal alvo de Moscovo no Donbass.
O Ministério da Defesa russo disse que as suas forças “libertaram o bairro Novo” de Chasiv Iar. Kiev não confirmou a informação. Trata-se da primeira conquista russa nesta cidade que tem sido alvo de ataques intensos desde Maio.
As autoridades russas não esclareceram, no entanto, se os militares que entraram na cidade conseguiram atravessar o canal que separa o bairro que foi tomado, na zona leste, do resto da zona urbana que se estende para oeste.
Na terça-feira, uma análise do Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank sediado em Washington que acompanha diariamente as principais incidências da guerra na Ucrânia, citava um oficial ucraniano que dizia que as forças russas “começaram a atacar Chasiv Iar a partir da direcção de Toretsk (a sul de Chasiv Iar) (…) utilizando sobretudo pequenos grupos de infantaria e assaltos mecanizados ocasionais”.
Chasiv Iar é uma cidade com elevada importância estratégica e, após a tomada de Bakhmut e Avdiivka pelas forças russas, tornou-se o principal objectivo da Rússia que ambiciona ocupar militarmente toda a província de Donetsk. Por se situar a uma altitude mais elevada, esta localidade pode servir para que as forças russas lancem novas ofensivas contra algumas das chamadas “cidades-fortaleza” ainda controladas pela Ucrânia no Donbass.
Moscovo espera tomar partido do esgotamento das forças ucranianas e da sua escassez de munições para conseguir novos avanços territoriais ao longo do Verão, antes do início do período de chuvas e neve a partir de Setembro.
A partir de Chasiv Iar, acreditam os analistas militares, a Rússia poderá visar as cidades de Sloviansk, Kramatorsk, Druzhkivka e Kostiantinivka, vistas como os derradeiros bastiões ucranianos na província de Donetsk. Chasiv Iar é “a altitude dominante na região”, dizia em Abril ao Politico Europe o tenente-coronel ucraniano Nazar Voloshin. “Controlá-la irá permitir aos invasores russos, caso o consigam, simplificar significativamente o seu avanço na direcção de Kostiantinivka e na direcção de Sloviansk e Kramatosk”, acrescentou.
Entretanto, a guerra pelos ares continua. Pelo menos cinco pessoas morreram e 39 ficaram feridas na sequência de um ataque russo com mísseis e drones na cidade de Dnipro, no centro do país. Foram atingidas escolas, lojas e hospitais na cidade, de acordo com o governador Serhii Lisak.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a apelar aos aliados ocidentais para que enviem mais armamento, sobretudo sistemas de defesa antiaérea. “Apenas duas coisas podem travar este terror russo: sistemas de defesa antiaérea modernos e capacidades de longo alcance para as nossas armas”, afirmou.
A Rússia tem intensificado os bombardeamentos nos últimos meses, visando frequentemente instalações civis nos centros das cidades ou infraestruturas energéticas – Moscovo considera-as alvos legítimos. Dados compilados pela ONU mostraram que Maio foi o mês em que se registou o maior número de civis mortos em quase um ano.
Pelo menos oito funcionários da central nuclear de Zaporijjia, controlada pela Rússia, ficaram feridos na sequência de um ataque aéreo ucraniano com recurso a drones, de acordo com a direcção da central. O ataque deixou a cidade de Enerhodar, próxima da central, sem electricidade nem água.