Montenegro avisa que Governo não vai pôr “nem mais um cêntimo” no acordo com polícias

O primeiro-ministro encerrou esta terça-feira as jornadas parlamentares do PSD. Embora presente como líder do PSD, Luís Montenegro só falou como chefe do executivo.

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O primeiro-ministro, Luís Montenegro RODRIGO ANTUNES / LUSA
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"Nem mais um cêntimo." Foi a garantia dada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, em relação à proposta do Governo para a negociação com as forças de segurança. O primeiro-ministro afirmou que o Governo fez "um esforço medonho" e que por isso não negociará "nem mais um cêntimo", sob risco de "trazer de volta a instabilidade financeira" para responder ao "interesse particular" de alguns.

No discurso de encerramento das jornadas parlamentares do PSD, Montenegro reafirmou que não está preocupado com a duração da legislatura. E deixou outro aviso: "Não vão conseguir impedir o Governo de governar. O Governo utilizará sempre aquilo que o poder da lei e a Constituição lhe dá para poder cumprir o seu programa."

Sem concretizar a que propostas se referia, Montenegro repetiu o aviso, depois de na última semana ter deixado Pedro Nuno Santos sem resposta sobre a intenção do Governo de não aplicar a redução do IRS. Em causa está a possibilidade de o Governo promover o bloqueio à redução fiscal prevista na proposta socialista suscitando a lei-travão devido à redução de receita decorrente da baixa de IRS.

E enquanto elevava o tom de voz, Montenegro prometeu firmeza nas negociações com a PSP e a GNR. "Há uma coisa que não pode acontecer: é o Governo perder a autoridade de se preocupar com toda a sociedade, com todos os outros", declarou.

Negociar sim, mas não valores

Depois de a ministra da Administração Interna ter convocado os sindicatos das forças de segurança para reuniões no dia 9 de Julho, o primeiro-ministro antecipou que do lado do Governo há disponibilidade para negociar alguns detalhes, mas não para ajustar os montantes já propostos. "Estamos disponíveis para fazer acertos no acordo, não nos valores", vincou. Prometendo disponibilidade para "resolver tudo aquilo que tem de ser resolvido em Portugal", Montenegro afirmou que não quer "trazer de volta a instabilidade financeira".

Para o também presidente social-deomcrata, "o Governo fez com a PSP e a GNR um esforço máximo, grande, e que nenhum Governo fez até aqui".

Num recado dirigido ao Chega, que agendou um debate parlamentar para quinta-feira, sobre as carreiras das forças de segurança, apelando às polícias que se manifestem frente ao Parlamento, Montenegro prometeu que não irá vacilar em "denunciar, em combater, em confrontar os que se guiam pelo oportunismo, pela instrumentalização de problemas reais".

"Não temos jeito para jogos de sombras"

Em jeito de balanço destes três meses de legislatura, Montenegro recordou as negociações com vários sectores, desde a educação, com o início da reposição do tempo integral dos professores, aos oficiais de justiça.

Respondendo às notícias sobre o volume de leis aprovadas face às apresentadas pelo Governo, Montenegro lembrou que ainda só passaram três meses desde a tomada de posse e que se há confusão sobre já ter passado "muito tempo" é porque este Governo "já colocou em marcha tantas daquelas transformações estratégicas e estruturais que até parece que já está a governar há muito tempo". Mas "não está", disse. "Nós decidimos muitas coisas, apresentamos muitas leis", defendeu o primeiro-ministro.

Em jeito de resposta ao antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva (que num artigo de opinião no Expresso defendeu que o executivo precisa de uma maioria para conseguir trabalhar, admitindo, por isso, a realização de eleições antecipadas), o primeiro-ministro reiterou que não está "preocupado" com a duração da legislatura. "O que vos garanto é que não vamos ser nós a encurtar esse tempo", disse, repetindo que "não há eleições no horizonte".

A encerrar a sua intervenção, Luís Montenegro reiterou a disponibilidade para negociar com os outros partidos. "Estamos disponíveis para a negociação política. Temos essa humildade, desde a primeira hora. Não temos é jeito para jogos de sombras e de bastidores", concluiu.

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