Autárquicas: PCP mantém coligação com PEV e rejeita aliança à esquerda

Paulo Raimundo defende que os projectos da CDU e do PS são “incompatíveis” e que não é preciso “criar, nem entregar” autarquias aos socialistas.

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Paulo Raimundo, líder do PCP, reuniu-se com o PEV MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
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O PCP e o PEV vão novamente formar uma coligação nas autárquicas de 2025 e não pretendem abri-la a outros partidos. Tanto o Bloco de Esquerda (BE) como o Livre querem começar a debater a política de alianças para as próximas eleições locais, mas os comunistas arrumam já o assunto, recusando formar uma coligação pré-eleitoral à esquerda: "Não terá nenhuma possibilidade", garante Paulo Raimundo.

Após uma reunião com o Partido Ecologista Os Verdes, o líder do PCP anunciou que os dois partidos reafirmam "o compromisso de que este é um mandato [autárquico] para levar por diante, para concretizar o que falta concretizar, para prestar contas do nosso trabalho e para reconfirmar a batalha autárquica do próximo ano".

Já sobre uma futura coligação com os restantes partidos de esquerda, Paulo Raimundo fecha a porta: "É criar uma ideia que não tem nenhuma concretização e, até digo mais, não terá nenhuma concretização, não terá nenhuma possibilidade", afirma, defendendo que "não precisamos de criar, nem de entregar autarquias ao PS".

Paulo Raimundo argumenta que existe um "problema prático e objectivo" em formar uma coligação porque é necessária uma "ruptura com os caminhos que têm sido seguidos". E defende mesmo que a CDU e o PS têm "projectos autárquicos tão incompatíveis, tão distintos" que não é possível equacionar uma aliança, criticando "as opções do PS, quer no plano nacional, quer no plano local", como a "transferência de encargos para as autarquias" ou "a gestão privada da distribuição da água".

"Há aqui essa incompatibilidade de fundo. Não vale a pena estarmos a criar ilusões sobre essa matéria", declara o líder dos comunistas, que considera que discutir essa hipótese só cria "atentismos" e "favorece o PS".

Nem mesmo para retirar a direita do executivo camarário de Lisboa, Paulo Raimundo admite um entendimento pós-eleitoral, já que considera que "o único objectivo é retirar uma pessoa por outra". Ao invés, aponta para o reforço da CDU ao argumentar que "o projecto de ruptura da CDU inclui os elementos" para "contrariar as dinâmicas antipoder local democrático que estão em curso".

O secretário-geral dos comunistas mostra-se, assim, empenhado em manter as câmaras que a CDU tem neste momento, lembrando que os dois partidos têm a "presidência de 19 câmaras municipais", e em conquistar novas autarquias: "Temos um projecto para cumprir onde temos responsabilidades. Temos um projecto para cumprir onde não temos responsabilidades ainda. E não vamos ficar à espera", garante.

Do lado do PCP, não parece existir, por isso, margem para convergências à esquerda, como pedem o BE e o Livre. O partido de Mariana Mortágua quer realizar uma conferência nacional ainda este ano para debater a política de alianças nas autárquicas e defende a criação de uma coligação pré-eleitoral na capital. Já o Livre pediu reuniões aos partidos de esquerda para discutir as eleições de 2025. O PCP aceitou o encontro, mas ainda não existe data definida para o mesmo.

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