Stênio Gardel é o convidado do Encontro de Leituras de Julho

O escritor brasileiro participa no clube de leitura do PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um a 9 de Julho, no Zoom. Em discussão estará o romance A Palavra que Resta.

Foto
O escritor Stênio Gardel Fernanda Oliveira
Ouça este artigo
00:00
03:07

Raimundo Gaudêncio, o protagonista de A Palavra Que Resta, o romance de estreia do escritor brasileiro Stênio Gardel, decide aos 71 anos ir aprender a ler e a escrever. Há 52 anos, Raimundo tinha recebido uma carta de Cícero, seu amigo de infância e amor de adolescência. Apesar de não a poder ler, Raimundo guardou-a e nunca deixou que lhe fosse lida por outra pessoa.

“Nem remetente nem destinatário, manchado, amassado. O envelope em tempo de partir, como estaria a carta? As letras ainda carregavam o vigor do braço de Cícero, o vigor com que ele abraçava Cícero de volta? A carta separava e ligava a vida dos dois. Palavra danada! Era a voz do fim, eco do passado não vivido. Se tivesse brigado mais, se. E era o último elo com Cícero”, lê-se na página 24 d’ A Palavra Que Resta, lançado no Brasil, em 2021, pela Companhia das Letras e publicado em Portugal pela Dom Quixote neste mês de Julho.

Este é o romance que estará em discussão no próximo Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um, que terá Stênio Gardel como convidado. A sessão realiza-se na terça-feira, 9 de Julho, às 22h em Lisboa, 18h em Brasília, no Zoom, como habitualmente, aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Podem aceder através deste link.

A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista brasileira, apresentam juntos o evento.

Stênio Gardel, que nasceu em Limoeiro do Norte, no interior do Ceará, em 1980, trabalha no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará. Tem participado em colectâneas de contos desde 2017 e escreveu este seu primeiro romance durante os ateliers de narrativa que fez, em Fortaleza, com a professora Socorro Acioli para quem “a magnitude deste romance” está “na invenção de um enredo poderoso sobre a dor da exclusão — a exclusão da miséria, do analfabetismo, da solidão, do preconceito.”

A Palavra Que Resta foi semifinalista do Prémio São Paulo de Literatura em 2022 e esteve entre os nomeados para o Prémio Literário de Dublin em 2024. O romance recebeu o National Book Award 2023 para melhor obra traduzida de literatura, pela edição em inglês The words that Remain, com tradução de Bruna Dantas Lobato. Stênio Gardel e a tradutora tornaram-se os primeiros brasileiros a receber este importante prémio nos EUA e na mesma categoria concorriam obras de Pilar Quintana, David Diop, Mohamed Mbougar Sarr e Fernanda Melchor.

“Estar ali e receber o prémio é uma conquista que deixa a gente tonto, ainda mais para mim e Bruna, que viemos do Ceará e do Rio Grande do Norte. É uma grande realização”, disse Stênio Gardel, depois de vencer o prémio, à Quatro Cinco Um. “Essa vitória entra [para a história] pela minha própria presença como autor gay. Que o livro possa inspirar outros meninos, adultos e velhos a persistir.”

Sugerir correcção
Comentar