Peso das renováveis no consumo é o mais alto em 45 anos

Contribuição semestral das renováveis para a procura eléctrica foi a maior desde 1979. Volume de electricidade importado em Junho foi o mais alto de sempre em termos mensais.

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A energia eólica abasteceu 28% do consumo até Junho Nelson Garrido
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A energia renovável abasteceu 82% do consumo de electricidade nos primeiros seis meses do ano, o que representa “a contribuição semestral mais alta dos últimos 45 anos”.

Em termos mensais, Portugal nunca importou tanta electricidade através das interligações com Espanha como neste mês de Junho, de acordo com os dados da REN, a empresa que gere o sistema energético nacional. Mais de um terço da electricidade consumida em Junho (39%) foi importado.

No primeiro semestre, o consumo de energia eléctrica ficou 1,6% acima do verificado no mesmo período do ano anterior (ou 2,5% considerando efeitos de temperatura e dias úteis).

Neste semestre, as condições para a produção de electricidade nas barragens e parques eólicos foram mais favoráveis do que em termos médios – o índice de produtibilidade hidroeléctrica registou 1,33 (média histórica igual a 1), o de eólica 1,06 e o de solar 0,93.

Assim, a energia hidroeléctrica pesou 39% no consumo total, seguida da eólica (28%), fotovoltaica (9%) e biomassa (6%.)

A produção através das centrais a gás natural abasteceu apenas 8% da procura e os restantes 10% foram importados via Espanha.

Considerando apenas o mês de Junho, a produção renovável abasteceu 57% do consumo, as centrais a gás contribuíram com 4% e “a energia importada, que registou o saldo mensal mais elevado de sempre”, garantiu os restantes 39%.

Em resultado das temperaturas abaixo dos valores normais para a época, o consumo de energia eléctrica baixou 1,7% (embora com correcção dos efeitos de temperatura e dias úteis se verifique um aumento de 0,7%).

Os índices de produtibilidade situaram-se abaixo dos valores médios e foram de 0,91 para o hidroeléctrico, 0,92 para o eólico e 0,89 para o solar.

O consumo de gás natural diminuiu 40% face a Junho de 2023, sendo que no consumo para produção eléctrica a descida foi de 96% e no segmento convencional, onde estão famílias e empresas, a descida foi de apenas 3,2%.

Considerando o acumulado dos primeiros seis meses do ano, o consumo de gás desceu 19%, “resultado de uma quebra de 66% no mercado eléctrico, parcialmente compensada por uma evolução positiva de 3,4% no segmento convencional”. Para o primeiro semestre tratou-se do consumo de gás mais baixo desde 2003, nota a REN.

Neste período, o abastecimento nacional efectuou-se integralmente a partir do terminal de gás natural liquefeito (GNL) de Sines, “com o saldo de trocas através da interligação com Espanha a registar fortes exportações, equivalentes a cerca de 55% do consumo nacional”.

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