Os jogadores de Portugal um a um

De 0 a 10, a análise ao desempenho dos jogadores da selecção nacional frente à Eslovénia.

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Diogo Costa, guarda-redes de Portugal Angelika Warmuth / REUTERS
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Na vitória frente à Eslovénia, no desempate por penáltis, Portugal teve em Diogo Costa o herói e homem do jogo, mas também teve Palhinha, Vitinha e Nuno Mendes em bom plano. Já Pepe, Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo saem com notas menos boas.

Diogo Costa - 10/10

No final dos 90', este texto estava preparado para ser apenas isto: “Foi a Frankfurt, viu o jogo, controlou a profundidade e foi para casa”. Mas o que se passou aos 115’, primeiro, e nos penáltis, depois, foi inacreditável. Uma defesa monumental perante Sesko, com elasticidade e rapidez incríveis no duelo com o avançado esloveno. Depois, defendeu os três penáltis, cada defesa melhor do que a outra. Desempenho inacreditável do guarda-redes do FC Porto, que foi muito criticado no Mundial 2022, com um par de erros comprometedores, mas teve, em Frankfurt, talvez a grande noite da sua carreira. Soberbo.

João Cancelo - 7/10

Foi crescendo com o jogo. Na primeira parte esteve modesto, mas na segunda parte mudou um pouco o comportamento: não pediu a bola no pé, desde trás, e começou a pedir mais no espaço, podendo encarar os defensores em velocidade. Espalhou técnica e, apesar de ainda não ter sido o melhor Cancelo, já esteve mais próximo desse estatuto. A nível de duelos também foi muito forte. Ia “borrando a pintura” no prolongamento, mas Rúben Dias salvou-o.

Pepe - 4/10

Jogou quase sempre “de cadeirinha”. Ganhou alguns duelos, perdeu outros, mas não foi por ali que Portugal foi melhor ou pior. Não conseguiu colocar muitas bolas verticais, mas também não era isso que Martínez queria do central do meio. Aos 115’... "ofereceu" um golo à Eslovénia mas foi salvo por Diogo Costa.

Rúben Dias - 5/10

Jogo assim-assim. Tal como Pepe, perdeu uns duelos e ganhou outros, mas pedia-se mais em posse do central da direita. Também não foi por ali que Portugal foi melhor ou pior, mas um pouco mais de "perfume" em posse, tal como havia com Mendes à esquerda, teria sido útil.

Nuno Mendes - 7/10

Bom jogo do lateral do PSG na primeira parte. Pode roçar a heresia, talvez a loucura, dizer que há alguma posição melhor para Mendes do que a de lateral-esquerdo, na qual é dos melhores do mundo, mas é possível que Martínez a tenha descoberto. Partindo de central pela esquerda numa linha de três, sobretudo contra equipas muito defensivas, consegue ver o jogo de frente em passe, ter na mesma projecção em condução e ser muito forte nos duelos na zona mais central. Jogo tremendo de Nuno Mendes na primeira parte, com e sem bola, com vários duelos ganhos, bons cortes e muitas bolas para o terço ofensivo. Curiosamente, perdeu influência na segunda parte, quando começou a jogar como lateral mais clássico. Também a nível de prevalência defensiva perdeu eficácia, sendo batido mais vezes.

Palhinha - 8/10

Defensivamente monstruoso. Ganhou uma percentagem incrível de duelos e “secou” grande parte das transições eslovenas. O raio de acção do jogador do Fulham – talvez em breve jogador do Bayern – é tremendo e fez recuperações de todos os tipos: zona ofensiva, perto da área portuguesa, lances aéreos e pelo chão. Foi um jogador fundamental, porque controlou quase sozinho o futebol da Eslovénia – que foi pouco no último terço, mas não foi assim tão pouco na zona intermédia. E se ficou por aí foi, sobretudo, pela acção omnipresente de Palhinha. Com bola não foi nenhum Pirlo, e nunca será, mas conseguiu tirar a bola de zonas congestionadas com alguma facilidade.

Vitinha - 8/10

Grande jogo do médio do PSG. Muito forte com bola, não apenas a nível de acerto do passe, mas também na criatividade. Passar para o lado e para trás é fácil, mas Vitinha encontrou muitas soluções verticais e tirou a bola de zonas de pressão com uma qualidade excepcional. Ainda somou uma mão-cheia de detalhes técnicos de alto nível. Foi o primeiro substituído. Porquê? Martínez saberá. Mas também saberá que Portugal piorou bastante depois da saída de Vitinha.

Bruno Fernandes - 5/10

Jogo globalmente fraco. Não foi sempre mau, porque teve alguns passes interessantes e um par de chegadas perigosas à área, mas não foi um jogo feliz do médio do Manchester United. Falhou muitos passes, alguns de fácil execução, e não foi especialmente competente em solicitações para zona de finalização. Quando recuou para ao pé de Palhinha ganhou influência, mas não ganhou engenho.

Bernardo - 5/10

Oscilou entre o mediano e o banal. Raramente joga mal, mas não ofereceu muitas soluções criativas. É certo que colocou algumas bolas em zonas de finalização, e poderia ter somado assistências em caso de maior acerto dos colegas, mas, em geral, não foi o melhor que sabe ser.

Rafael Leão - 6/10

Ao contrário de Cancelo, que cresceu com o jogo, Leão foi perdendo gás. Na segunda parte, a Eslovénia encostou um jogador em Leão, nunca deixando o extremo virar-se – e correu riscos com esse posicionamento do lateral, mas conseguiu dar menos jogo ao extremo do AC Milan, que precisa de espaço para desequilibrar. Não jogou mal ao ponto de merecer a substituição, mas não foi uma troca totalmente ilógica. Mas isso foi após o intervalo. Na primeira parte, por outro lado, foi muito forte. Grandes iniciativas em transição quando teve espaço, grandes detalhes técnicos em condução e uma assistência para golo não finalizada.

Ronaldo - 4/10

Mais um jogo pobre do capitão. Tal como no último jogo – mesmo que menos – passou muito tempo no chão. Depois somou más recepções em zonas de finalização, maus passes em apoios frontais – estragou algumas jogadas – e desacerto na finalização, mesmo que só no final da segunda parte tenha tido uma oportunidade clara de golo. Nos livres-directos também mantém uma baixa percentagem de sucesso, algo já muito visto. Falhou um penálti. Ronaldo não ataca o espaço, não explora a profundidade, não oferece futebol em apoios frontais e não finaliza como noutras alturas da carreira – e é discutível que Ronaldo, nestes moldes, seja mais uma virtude do que um defeito desta equipa. Como teria sido com Ronaldo saído do banco, fresco e com eslovenos desgastados? Nunca saberemos.

Diogo Jota - 6/10

Entrou forte sem bola, como sempre, e conseguiu uma recuperação que deixou Ronaldo na cara do golo. Ganhou um penálti num lance individual, mas não teve muito impacto na partida. Parece ter perdido um contra um com o passar dos anos e tornou-se mais um finalizador forte defensivamente do que propriamente o desequilibrador pelo drible que foi nos primeiros anos da carreira. Na vertente finalizadora teria sido útil, mas a partir da ala para desequilibrar pelo drible há jogadores mais capacitados, como Pedro Neto – ou Leão, mesmo tendo vindo a cair de produtividade.

Francisco Conceição - 5/10

Não teve influência positiva, nem pela direita, nem pela esquerda. Não teve o impacto que tem habitualmente quando sai do banco.

Nélson Semedo – sem nota

Não teve tempo para ter impacto no jogo.

Rúben Neves – sem nota

Não teve tempo para ter impacto no jogo.

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