Crédito à habitação de 150 mil euros terá redução de 32 euros em Julho

Simulação para empréstimo a 30 anos, com spread de 1%, sofre a maior descida na taxa a 12 meses, ao passo que as de três e seis meses caem 19 euros e 18 euros.

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Empréstimos associados às taxas Euribor vão registando novas descidas, mas apenas quando são revistos Manuel Roberto
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Ainda não são as reduções que as famílias desejam, mas a progressiva descida das taxas Euribor vem permitir mais um pequeno corte no valor a pagar mensalmente ao banco, abrangendo, desde já, os contratos a rever em Julho.

As médias mensais de Junho, que servirão de referência para as actualizações a realizar no próximo mês, caíram nos três prazos, permitindo uma poupança de 32,42 euros num empréstimo de 150 mil euros, se associado à Euribor a 12 meses, e de 17,98 euros e 19,24 euros nos casos das taxas a seis e a três meses, respectivamente.

A simulação, realizada pelo PÚBLICO, tem em conta um contrato a 30 anos, e às taxas médias da Euribor é acrescido um spread ou margem comercial do banco de 1%.

Com base nestas premissas, a prestação do empréstimo associado à taxa a 12 meses corresponderá a 773,46 euros, menos 32,42 euros do que custava no último ano, tratando-se da maior descida desde o início de 2024, momento em que as Euribor começaram a descer de forma mais expressiva, interrompendo quase dois anos de subidas acentuadas. Contudo, o custo mensal ainda fica muito acima dos 581,25 euros que pagaria com a taxa de Junho de 2022, de 0,852%. Ou seja, uma diferença de 230,07 euros.

No caso da Euribor a seis meses, a prestação cai para 779,31 euros (menos 17,98 euros do que paga actualmente), e na de três meses para 780,21 euros (menos 19,24 euros).

O cálculo das prestações dos empréstimos a rever em Julho (ou de referência para novos créditos a contratar no próximo mês) é feito com as médias de Junho (são sempre utilizados os valores do mês anterior), face aos valores verificados nas actualizações anteriores, que foram realizadas há três, seis e 12 meses, conforme os prazos das taxas utilizadas nos contratos.

A média mensal da taxa a 12 meses fixou-se em Junho nos 3,650%, menos 0,031 pontos percentuais que os 3,681% de Maio, e, mais importante, menos 0,357 pontos face aos 4,007% verificados em Junho de 2023. Na Euribor a seis meses, actualmente a mais utilizada nos empréstimos à habitação (37,5% do stock), a média fixou-se em 3,715%, menos 0,072 pontos que no mês anterior, e menos 0,212 pontos face a Dezembro de 2023. Também o prazo mais curto, que actualmente apresenta o valor mais elevado, desceu 0,088 pontos para 3,725% e apresenta menos 0,198 pontos que o valor de Março de 2024, na base da última actualização.

A poupança silenciosa

Apesar de a redução das prestações estar a ocorrer de forma lenta, a poupança de um empréstimo de 150 mil euros, associado à Euribor a 12 meses, e mantendo as restantes características da simulação anterior, corresponderá a uma poupança de 389,04 euros ao longo do próximo ano.

Menos visível, mas importante, é também o facto de a redução do valor de juros a pagar ao banco ser maior do que a redução da prestação final. O valor da prestação referente a juros cai 44,63 euros, enquanto a componente referente à amortização de capital aumenta 12,21 euros, o que acaba por determinar a redução de 32,42 euros na prestação final. A componente dos juros continua a representar a fatia de leão”, ascendendo a 581,25 euros, enquanto a da amortização de capital se fica por 192,21 euros, uma relação que só se equilibrará com uma descida mais expressiva da taxa de juro.

A descida das Euribor, embora a um ritmo bem mais lento que o das subidas verificadas desde o início de 2022, é explicada pela alteração de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que no início do corrente mês decidiu o primeiro corte das suas taxas directoras, em 0,25 pontos percentuais.

Esse corte, o primeiro em quase cinco anos, colocou a taxa de facilidade permanente de depósito, que é a principal referência para o custo de financiamento na área do euro, em 3,75%. Um patamar já igualado pela média da Euribor a três meses, que foi a que mais desceu no corrente mês, sendo que os restantes dois prazos das taxas utilizadas nos empréstimos a particulares e empresas já se encontram em valores mais baixos, o que se explica pela expectativa de novas decidas do custo do dinheiro por parte do banco central.

A próxima reunião do BCE está marcada para 18 de Julho, mas as declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, reduziram a expectativa de novos cortes de juros nessa reunião, tendo em conta, entre outros factores, a evolução da inflação. De acordo com a responsável, o BCE decidirá “reunião a reunião” e “à luz dos dados económicos e financeiros” que vão saindo, bem como consoante a força da transmissão da política monetária” para a economia.

Daí que as expectivas de novos cortes se concentrem nas reuniões de Setembro e Dezembro, o que, a concretizar-se, fará as taxas Euribor – fixadas por um conjunto alargado de bancos através da disponibilidade de empréstimos entre si – convergir para mais perto dos 3% até ao final do ano.

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