Euribor a três e seis meses aceleraram descida depois da reunião do BCE

As taxas de juro para os prazos mais curtos fixaram esta segunda-feira o mesmo valor, de 3,711%, e são as que mais têm caído após a reunião do BCE.

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Taxas Euribor, presentes na maioria dos empréstimos à habitação, mantêm tendência de descida, embora ligeira Daniel Rocha
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As taxas Euribor, a que está associada a maioria dos empréstimos à habitação existentes em Portugal, continuam em queda, embora ligeira. O movimento de descida está a decorrer de forma mais expressiva nos prazos a três e a seis meses, que, na sessão desta segunda-feira, fixaram valores idênticos, de 3,711%. Este "empate" acontece depois de o prazo mais curto já ter caído para o segundo nível mais baixo, lugar ocupado desde final de Dezembro de 2023 pela taxa a seis meses.

Os valores verificados na última sessão correspondem a mínimos de cerca de um ano, mais concretamente desde Maio de 2024 no caso da de seis meses, e desde Julho do ano passado na de três meses.

O prazo mais longo, a Euribor a 12 meses, também iniciou a semana em queda, até mais expressiva que os restantes, ao recuar 0,044 pontos percentuais para 3,628%. Este prazo, que continua a apresentar o valor mais baixo, registou pequenas variações nas últimas sessões e está num valor acima do mínimo registado no corrente ano, mais concretamente em 15 de Janeiro, quando caiu para 3,57%.

A correcção nos prazos mais curtos acentuou-se depois da decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar em 0,25 pontos percentuais as suas taxas directoras, a primeira alteração desde Setembro de 2023, depois das sucessivas subidas desde Julho de 2022. Com a decisão de 6 de Junho, a taxa de facilidade permanente de depósito, a que mais influencia a evolução da Euribor, passou de 4% para 3,75%.

As Euribor a três e a seis meses mantêm-se ligeiramente abaixo da taxa de depósitos do banco central, antecipando, pelo menos, mais um corte das taxas directoras, igualmente em 0,25 pontos, uma decisão que poderá não ocorrer já na reunião de Julho, mas que pode, com maior probabilidade, acontecer na reunião de Setembro.

O timing para um novo corte no preço do dinheiro na zona euro depende da evolução de vários indicadores económicos, nomeadamente da inflação, que, apesar das quedas significativas, se mantém acima do patamar desejado pela instituição, que se situa em torno dos 2%. Como fez questão de salientar a presidente do BCE, Christine Lagarde, as decisões de política monetária serão tomadas “reunião a reunião”.

E é essa incerteza que está a levar as taxas Euribor a corrigir de forma tão suave, em contraste com o ritmo de forte subida que, desde o início de 2022, as impulsionou para valores acima de 4%.

Face aos valores registados desde o início de Junho, as médias da Euribor a três e a seis meses apresentam valores inferiores às da totalidade do mês de Maio, situação que não se verifica no caso da taxa a 12 meses, que permanece ligeiramente acima. Contudo, apesar de as medidas mensais ainda poderem variar até ao final do mês, os contratos com revisão a ocorrer no próximo mês de Julho deverão trazer descidas da prestação, tendo em conta a queda das taxas desde a actualização anterior, feita há três, seis ou 12 meses, conforme o indexante adoptado em cada contrato. A descida será mais expressiva nas taxas Euribor a seis e 12 meses, tendo em conta que as últimas revisões ocorreram com as médias de 3,997% e 4,007%, respectivamente.

Actualmente, a Euribor a seis meses é a que tem maior representatividade no conjunto dos contratos (37,5%, segundo dados do Banco de Portugal referentes a Abril), seguida da taxa a 12 meses (34,1%) e, em menor número, do prazo de três meses (25%).

As Euribor são fixadas diariamente no mercado interbancário, através da média das taxas de juro às quais um conjunto alargado de bancos está disposto a emprestar dinheiro entre si.

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