Sunak e Starmer ao ataque (pessoal) no último debate antes das eleições

Líderes do Partido Conservador e do Partido Trabalhista trocaram acusações e questionaram a capacidade de cada um deles para governar o Reino Unido.

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Os líderes confrontaram-se no último debate televisivo, transmitido pela BBC Phil Noble / REUTERS
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O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, estiveram frente a frente na quarta-feira no último debate televisivo antes das eleições da próxima semana, com ambos a lançarem ataques altamente pessoais sobre a credibilidade de cada um, assim como a dos seus partidos.

Com os conservadores de Sunak com cerca de 20 pontos percentuais de desvantagem para os trabalhistas nas sondagens, o primeiro-ministro partiu para o ataque, acusando Starmer de não ser sincero com o país em matérias de imigração, impostos e direitos das mulheres e incitando os eleitores a não se "renderem" ao Partido Trabalhista.

Starmer respondeu que Sunak era demasiado rico para compreender as preocupações da maioria dos britânicos comuns. Segundo uma sondagem rápida do YouGov, o debate registou um empate, com ambos os candidatos a obterem 50%.

Sobre a imigração, uma das principais preocupações dos eleitores britânicos, Sunak rejeitou o argumento de Starmer de que procuraria fazer regressar os imigrantes aos seus países de origem, afirmando que muitos chegaram ao Reino Unido vindos do Irão, da Síria e do Afeganistão.

"Vai sentar-se com o ayatollah iraniano? Vai tentar fazer um acordo com os taliban? É completamente absurdo. Está a fazer as pessoas de parvas", acusou o primeiro-ministro.

As sondagens indicam que o Partido Trabalhista vai ganhar as eleições com uma larga maioria, pondo fim a 14 anos de domínio conservador. Os dois líderes têm-se defrontado em vários debates e sessões públicas com os eleitores, cada vez mais centrados na questão de saber quem está melhor preparado para liderar o Reino Unido.

Starmer argumentou que o país estava exausto após 14 anos de "caos" conservador e que ele compreenderia melhor os desafios de muitas famílias que lutaram contra a inflação galopante e a crise do custo de vida.

"Parte do problema que temos com este primeiro-ministro é que o mundo em que vive está a milhões de quilómetros de distância dos mundos em que vivem indivíduos de todo o país, bem como os das empresas e das famílias que estão a tentar apoiar", afirmou.

O caso das apostas

A campanha de Sunak, iniciada de forma pouco auspiciosa sob chuva torrencial à porta de Downing Street, onde o primeiro-ministro anunciou as eleições para 4 de Julho, tem sido marcada por vários tiros no pé. O líder tory foi fortemente criticado por não ter comparecido a um evento em França, em memória do Dia D, e nas últimas semanas enfrentou um escândalo interno depois de cinco funcionários do partido, incluindo dois candidatos, terem sido investigados por causa de apostas feitas sobre a data da eleição antecipada.

Sobre o caso das apostas, Starmer acusou o primeiro-ministro de só ter feito algo sobre a situação quando foi obrigado a fazê-lo.

"O primeiro-ministro adiou, adiou e adiou até que acabou por ser forçado a agir", afirmou o líder do Partido Trabalhista.

Sunak respondeu afirmando que, "dada a gravidade e a sensibilidade dos assuntos em causa", era importante para ele que estes assuntos "fossem tratados de forma adequada", algo que diz ter feito, tendo-se demonstrado "furioso" e "frustrado" sobre as alegações.

Kier Starmer também tem sido alvo de críticas em eventos públicos, acusado de limitar-se a seguir um guião e de ser robótico, bem como pela falta de esclarecimentos sobre a forma como irá financiar as melhorias tão necessárias nos serviços públicos.

Uma das questões lançadas por um dos membros da audiência durante o debate terá resumido o sentimento de grande parte dos britânicos. Chamou a Sunak um "primeiro-ministro bastante medíocre" e disse que achava que os "cordelinhos" de Starmer estavam a ser puxados por membros seniores do Partido Trabalhista.

"Vocês os dois são mesmo os melhores que temos para serem o próximo primeiro-ministro do nosso grande país?", questionou o membro do público, de nome Robert, sob fortes aplausos. Mais tarde, disse à BBC que ainda não tinha decidido em quem votar.

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