Alexandra Leitão diz ter “condições” para ser primeira-ministra no futuro

“Acho que sou uma das algumas mulheres dentro do partido que têm essas condições”, defende a líder da bancada do PS, que diz existir um “grupo razoável de mulheres que podem começar a emergir”.

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Alexandra Leitão é líder de bancada e membro do secretariado nacional do PS Daniel Rocha
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Depois de ter admitido poder ser secretária-geral do PS, Alexandra Leitão não exclui voos mais altos e diz ser uma das mulheres no PS que poderão ser primeira-ministra no futuro. "Acho que sou uma das algumas mulheres dentro do partido que têm essas condições", afirmou a líder parlamentar socialista.

Questionada no programa Dona da Casa da Antena 3, nesta terça-feira, sobre se gostaria de ser a próxima mulher líder de um Governo em Portugal, Alexandra Leitão começou por defender "que as mulheres, em regra, são mais recatadas em afirmar essas ambições do que os homens", sendo "uma das razões pelas quais os homens chegam mais aos cargos" precisamente o facto de se chegarem "mais à frente".

A contrariar a tendência, a dirigente do PS assumiu que "gostava muito que houvesse uma primeira-ministra mulher em Portugal", que fosse do seu partido, e admitiu que é uma das socialistas que "têm essas condições". A também ex-secretária de Estado assegurou, ainda assim, que não planeou esse percurso: "Ainda hoje não planeio isso", disse, argumentando que os cargos políticos não são algo que se "programa".

Quando ainda não era líder da bancada do PS, a então autora da moção de Pedro Nuno Santos à liderança do partido já tinha admitido, numa entrevista ao PÚBLICO de Novembro, que "é uma hipótese" vir a ser líder do PS. E usou o mesmo argumento que invoca agora: "Acho que nós, em particular nós, mulheres, não devemos nunca excluir, porque durante muito tempo acabámos também por ficar fora dos lugares. Por modéstia, porque não nos chegámos à frente…"

Na entrevista à Antena 3, em que fala mais a fundo sobre as barreiras das mulheres na política, Alexandra Leitão defende que "até há um tempo atrás havia tão poucas mulheres na vida política que era normal que não emergisse nenhuma mulher que pudesse ser candidata a secretária-geral do PS". Mas defende que "as coisas mudaram muito por força das quotas [de género] e da lei da paridade" — das quais diz ser "completamente a favor" —, vendo agora um "grupo razoável de mulheres que podem começar a emergir".

A líder da bancada socialista defende, ainda assim, que o PS "pode sempre fazer mais" e lamenta, por exemplo, que exista uma "percentagem muito pequena de mulheres presidentes de câmara". Para a socialista, a "menor atracção" das mulheres pela política explica-se com "coisas muito simples", como os horários ou a "maternidade", que diz levar à "ausência das mulheres da vida pública em geral".

Mas também "porque ainda há conversas, ambientes em que é mais difícil estar-se interactivamente como mulher do que como homem", nomeadamente, pelo "tipo de conversa, de assuntos". Acresce que "as mulheres quando estão na vida pública" são "julgadas e comentadas" pelo "aspecto físico", defende a socialista, que conta ser alvo dessa discriminação "com alguma frequência".

Alexandra Leitão não concretizou que outras mulheres também podem ter condições para liderar o PS ou um executivo. Mas Mariana Vieira da Silva, ex-ministra da Presidência, é um dos nomes de destaque do partido, que o próprio ex-primeiro-ministro já lançou.

Numa entrevista à TVI em Maio, António Costa considerou que a agora deputada, de cujo nome se fala para encabeçar uma candidatura às eleições autárquicas de 2025, "tem falta de ambição para aquilo que as qualidades dela mereciam" e que "precisa de ter mais ambição na política".

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