Oferta na Linha de Cascais só voltará ao normal em Setembro ou Dezembro deste ano

Desde o incêndio na subestação do Cais do Sodré, em Março, que a CP opera com menos 30% dos comboios nesta linha suburbana.

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Estação de comboios do Cais do Sodré: a procura aumenta mas a oferta está reduzida Rui Gaudêncio
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Foi em 19 de Março que um incêndio na subestação (equipamento eléctrico de alta potência que fornece energia à catenária) do Cais do Sodré levou à interrupção do serviço na Linha de Cascais, que depois seria retomado, mas com fortes limitações fazendo que com que, três meses depois, a oferta se mantenha 30% abaixo do normal.

Antes daquele incidente circulavam nos dias úteis 204 comboios na linha de Cascais, dos quais 66 curtos (só entre Cais do Sodré e Oeiras nos dois sentidos) e 65 rápidos entre Lisboa e Cascais (também nos dois sentidos). Desde Março a oferta foi reduzida a 143 comboios por dia, todos a pararem em todas as estações.

As consequências estão à vista para quem diariamente utiliza a CP naquele eixo suburbano: comboios apinhados, sobretudo à hora de ponta, situação que tenderá a agravar-se igualmente fora das horas de ponta com o grande afluxo de passageiros para as praias e o aumento de turistas.

A IP não respondeu às perguntas do PÚBLICO sobre esta situação, mas fonte oficial da CP diz que “temos a indicação de que a IP está a trabalhar numa solução que poderá permitir a reposição do nível de oferta anterior em Setembro de 2024. No entanto, no limite, o serviço será totalmente reposto até Dezembro de 2024”.

A mesma fonte diz que “assim que o serviço estiver totalmente reposto, a CP fará um balanço dos eventuais prejuízos decorrentes desta limitação e nessa altura iremos solicitar as compensações devidas que possam existir”.

Por parte da IP, na semana seguinte ao incêndio, a empresa comunicou que “neste momento não é possível fornecer um prazo rigoroso [para a reposição normal do serviço], uma vez que ainda decorre a fase de avaliação detalhada dos danos”, pelo que “oportunamente será emitido um plano de acção”.

Três meses depois a IP não comunicou nenhum plano nem respondeu às questões do PÚBLICO sobre quais os problemas técnicos, ou outros, que impediram que a situação fosse resolvida até ao momento, nem deu qualquer estimativa para a regularização do serviço ferroviário. Esta ausência de comunicação é, aliás, uma prática reiterada do gestor das infra-estruturas que deixou de anunciar prazos para a conclusão de obras, como acontece na Linha da Beira Alta, fechada em Abril de 2022 por um prazo de nove meses sem que a empresa responda às perguntas do PÚBLICO sobre as razões do atraso e eventual data de reabertura.

O incêndio na subestação foi provocado pelas obras do Metro e afectou a capacidade de fornecer energia eléctrica ao troço inicial da linha de Cascais. Esta linha tem subestações em Cais do Sodré, Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos, Carcavelos e São Pedro. Como a primeira está inutilizada, a potência que chega ao troço inicial da linha até Belém não permite que nele circulem mais do que dois comboios ao mesmo tempo e daí a redução da oferta.

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