No banquete para o imperador japonês, Carlos III falou de Hello Kitty e Pokémon

“A nossa parceria continua a crescer e a florescer, a lançar novos rebentos e ramos”, celebrou o rei inglês, dirigindo-se ao imperador Naruhito, durante o banquete no Palácio de Buckingham.

Britain's King Charles III toasts with Emperor Naruhito of Japan during the State Banquet at Buckingham Palace, London, Britain June 25, 2024. Jordan Pettitt/Pool via REUTERS
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Carlos III brinda com o imperador Naruhito Jordan Pettitt/Pool via REUTERS
Britain's King Charles III and Queen Camilla with Emperor Naruhito of Japan attend the State Banquet at Buckingham Palace, London, Britain June 25, 2024. Jordan Pettitt/Pool via REUTERS
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Carlos III e a rainha Camila com o imperador Naruhito Jordan Pettitt/Pool via REUTERS

O primeiro dia da visita de Estado do imperador japonês Naruhito terminou com um banquete no Palácio de Buckingham, tendo Carlos III como anfitrião. Apesar da formalidade do momento, os monarcas mostraram-se próximos e até houve espaço para algumas piadas durante os discursos oficiais, incluindo uma alusão a ícones da cultura japonesa como a Hello Kitty ou o Pokémon.

“Foi um prazer conhecer as histórias britânicas por detrás de certos ícones culturais japoneses”, começou Carlos III, que tomou a palavra em primeiro lugar. “Talvez me permitam que destaque um em particular que faz 50 anos este ano, criada num subúrbio londrino com a sua irmã gémea, uma empresária empreendedora e que vale milhares de milhões de dólares, e ainda por cima é Embaixadora das Crianças da UNICEF. Por isso, só posso desejar um feliz aniversário à Hello Kitty”, elogiou o rei com humor.

Mais tarde, Carlos também usou “a frase do Pokémon de os apanhar a todos”, confessando que não tem tido sorte nas suas tentativas recentes de ir pescar — o imperador Naruhito já tinha contado, no passado, que pescou com o rei britânico na Escócia.

Mas nem tudo foi humor e o soberano também falou das “raízes profundas” que unem o Japão e o Reino Unido. “A nossa parceria continua a crescer e a florescer, a lançar novos rebentos e ramos”, concluiu, incluindo algumas palavras em japonês.

Já o imperador Naruhito recordou “o período triste” das Guerras Mundiais que afectaram “a amizade entre os dois países”. Ainda assim, garante que os conflitos não deixaram mazelas. “As nossas relações bilaterais nunca foram tão robustas”, declarou.

Ao lado dos dois soberanos, ficaram a rainha Camila e a imperatriz Masako, a usar vestidos de gala brancos, como a ocasião exigia. A contrastar com a sobriedade dos visuais escolhidos, apostaram nas jóias, com destaque para as tiaras. A japonesa usava uma das peças mais especiais da colecção do império, a tiara imperial de Crisântemos em diamantes, que só pode ser usada pela imperatriz, bem como a faixa da Ordem da Jarreteira, que lhe foi atribuída por Carlos III nesta terça-feira.

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Camila e a imperatriz Masako Aaron Chown/Pool via REUTERS

Por sua vez, Camila elegeu uma tiara histórica de rubis da Birmânia, criada pela joalheira The House of Garrard para Isabel II em 1973. Os 96 rubis da peça foram oferecidos pela Birmânia por ocasião do casamento da rainha com o príncipe Filipe, em 1947, e têm um simbolismo especial: na cultura birmanesa, os rubis “protegem de doenças e do mal”, explica a casa de joalharia à revista Town&Country. “Os rubis e os diamantes são engastados numa série de motivos de rosas inspirados na rosa Tudor, o símbolo da Grã-Bretanha”, acrescenta. A rainha estreou, ainda, um novo alfinete de peito com um retrato do marido, Carlos III.

Camila também emprestou uma jóia da sua colecção à duquesa de Edimburgo, Sofia, que brilhou com a tiara de Lotus, a combinar com um vestido verde. Além do irmão, Eduardo, e da cunhada do rei, esteve também no banquete o príncipe William, mas não Kate Middleton, que continua ausente dos compromissos reais, enquanto é tratada para um cancro. De notar ainda a ausência da princesa Ana, que está internada na sequência de um acidente, mas fora de perigo.

Sentados à mesa na sala decorada com flores dos jardins de Buckingham e Windsor, estavam cerca de 150 convidados, incluindo o (ainda) primeiro-ministro Rishi Sunak, e o líder da oposição, Keri Starmer, do Partido Trabalhista, que está em campanha para as eleições de 4 de Julho. Foram também convidadas algumas personalidades com ligação ao Japão, como o compositor Andrew Lloyd Webber, o youtuber Chris Broad, que é britânico, mas vive no Império do Sol Nascente, ou o chef Miho Sato, responsável pelo restaurante japonês mais conceituado de Londres, o The Aubrey.

A decoração do banquete real Aaron Chown/Pool via REUTERS
Aaron Chown/Pool via REUTERS
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A decoração do banquete real Aaron Chown/Pool via REUTERS

Na ementa do jantar, destacou-se a entrada de lagostins escoceses numa cama de mousse de pepino e um consommé de tomate, seguido do prato principal de filete de pregado da Cornualha com manteiga de ervas embrulhado em alface, a acompanhar uma selecção de legumes de Verão, puré de batata e salada de feijões com ovos de codorniz. Por fim, para sobremesa, piscou-se o olho aos japoneses com uma bomba de gelado com sorvete de pêssego.

A visita de Estado dos imperadores japoneses — que devia ter acontecido em 2020, mas foi adiada por culpa da pandemia — prolonga-se até esta quinta-feira. A ligação de Naruhito e Masako ao Reino Unido é bem conhecida, já que ambos estudaram na Universidade de Oxford nos anos 1980. Aliás, terminada a visita com Carlos III, no final da semana, os imperadores vão visitar a instituição.

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